Eneva incorpora térmicas do BTG e anuncia oferta de R$ 4,2 bi em ações

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A Eneva anunciou nesta terça-feira (16) acordo para compra de usinas termelétricas de seu acionista BTG Pactual, em operação que envolverá emissão de até R$ 4,2 bilhões em novas ações para bancar o investimento e expansões futuras.

A companhia diz que a operação garante sinergia com seus negócios atuais e amplia sua capacidade de expansão, já que reduzirá o elevado nível de endividamento. Além disso, diversifica sua posição geográfica, hoje concentrada nas regiões Norte e Nordeste, para a região Sudeste.

A Eneva nasceu de duas empresas criadas por Eike Batista para exploração de gás e geração de energia. Com a crise financeira do grupo, foi comprada pela alemã E.ON e hoje tem como sócios o BTG (23,3%), a Cambuhy Investimentos (20%) e a Partners Alpha (15%).

Esses acionistas terão prioridade na aquisição das novas ações. O BTG receberá um volume equivalente a R$ 1,765 bilhão como parte de um pagamento de R$ 3,9 bilhões pelas térmicas. Assim, a Eneva desembolsará apenas R$ 1,141 bilhão do valor arrecadado com a emissão de ações.

O presidente da Eneva, Lino Cançado, disse em teleconferência com analistas que a operação reduz a alavancagem da empresa, hoje comprometida com elevados investimentos em projetos próprios, “abrindo espaço para aproveitar outras oportunidades de geração de valor”.

O negócio anunciado nesta terça-feira envolve quatro usinas termelétricas pertencentes ao BTG e fundos do banco: Tevisa, Povoação, Gera Maranhão e Linhares. Esses ativos, contratados em leilões do governo, têm receita fixa e sem obrigações significativas de investimento.

Com a operação, a Eneva amplia sua capacidade de geração de 6,3 para 7,2 GW (gigawatts). A incorporação das novas usinas eleva sua receita líquida de R$ 10,1 bilhões para R$ 12,6 bilhões. O lucro líquido passaria de R$ 0,2 bilhão para R$ 1,6 bilhão.

Os projetos no Espírito Santo, diz a companhia, estão conectados à malha nacional de gasodutos e podem usar gás que a própria Eneva importa por um terminal em Sergipe. No Maranhão, a empresa também planeja um terminal de importação de gás.

Parte da capacidade envolvida na operação tem contratos vencendo entre o fim de 2024 e o fim de 2025, o que abre possibilidade para inclusão dos projetos no leilão de reserva de capacidade de energia que o governo pretende realizar ainda este ano.

Esse leilão vai contratar térmicas para garantir o suprimento em momentos de queda na geração das energias renováveis. Cançado disse acreditar que o leilão terá grande demanda, já que os picos de consumo nesses horários têm crescido nos últimos anos.

Com capital pulverizado na Bolsa, a Eneva é uma das maiores investidoras do setor de gás natural no país, com negócios tanto na exploração de gás “onshore”, nas bacias do Parnaíba, Amazonas, Solimões e Paraná, quanto em geração termelétrica movida ao combustível fóssil.

Entre os focos de crescimento para o futuro, a companhia mira novos projetos para disputar leilões regulados de energia, investimentos em exploração e produção e investimentos no mercado de gás não conectado à malha de gasodutos.

A companhia já vinha perseguindo grandes oportunidades de crescimento por meio de aquisições, tendo avaliado o conjunto de usinas termelétricas da Eletrobras, que acabou sendo comprado pela Âmbar Energia, empresa da J&F, holding dos empresários Joesley e Wesley Batista.

O BTG, por sua vez, também chegou a estudar a compra das usinas da Eletrobras e já buscava alternativas para o futuro de suas termelétricas, tendo no passado proposto que elas fossem incorporadas na fusão entre Vibra e Eneva.

NICOLA PAMPLONA / Folhapress

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