MIAMI, EUA (UOL/FOLHAPRESS) – A Argentina conquistou a Copa América no último domingo (14), mas o trabalho da Conmebol para o torneio de seleções deixou muitas preocupações para a Fifa, que organiza nos Estados Unidos, México e Canadá a Copa do Mundo daqui a dois anos.
A estrutura cedida aos clubes e os gramados dos estádios foram alvos de diversas críticas. Brasil, Argentina e Uruguai foram os que mais reclamaram publicamente dos problemas.
Vinicius Jr., Marcelo Bielsa e Lionel Scaloni, três vozes importantes, revelaram que há uma censura por parte da Conmebol contra críticas. Segundo eles, a entidade ameaça punir e multar quem critica a estrutura do torneio.
O torneio contou com diversos “observadores” da Fifa, que saíram preocupados. Os profissionais tinham como objetivo entender os problemas visando a Copa do Mundo.
QUAIS FORAM OS PROBLEMAS
ESTRUTURA DOS TREINOS
A qualidade das estruturas de treino deixou muito a desejar, tanto em relação aos gramados quanto à privacidade. Os tapumes colocados pela entidade para evitar olhos indesejados durante o treino eram de um tecido tão poroso que era facilmente possível ver através dele.
A seleção brasileira sofreu principalmente em Las Vegas, quando a entidade não conseguiu entregar o campo que havia sido oferecido e escolhido pelo Brasil em inspeção prévia. O time de Dorival treinou em um parque ao lado de uma avenida e torcedores gritavam durante a atividade e subiam em uma passarela ao lado para assistir ao trabalho fechado.
A estrutura ficava de treino ficava quase uma hora distante do hotel, tanto que na volta a Las Vegas o Brasil mudou o local de hospedagem.
GRAMADOS
Bielsa foi o principal crítico aos gramados da competição. O argentino que comanda o Uruguai chamou a Conmebol de mentirosa por dizer que o gramado de treino e de jogo estava em boas condições.
A Conmebol fez uma transformação em alguns estádios que usam grama artificial e usou rolos de grama para transformar o campo em grama natural. Visualmente, o gramado parecia bom, mas para os atletas e treinadores relataram que a grama soltava muito.
Por causa da transformação, o campo precisava estar muito irrigado. Como os estádios que utilizam por padrão grama artificial não possuem a estrutura, a solução foi irrigar o gramado com uma mangueira, como de jardim, e vários funcionários manejando.
DIMENSÕES
Os ‘minicampos’ foram outro problema já muito falado da Copa América. Por causa de alguns estádios, como o SoFi e o Allegiant, precisarem de muitas reformas para comportarem um campo de tamanho padrão, a Conmebol diminuiu as dimensões em 5 metros de largura e 4 metros de profundidade.
A Fifa já sabe que as dimensões serão um problema herdado para a Copa do Mundo. O Allegiant Stadium não está no Mundial, mas o SoF,i sim e precisará de reformas importantes para comportar um campo de padrão Fifa.
MALHA AÉREA
Brasil e Uruguai sofreram com atrasos de voo. A seleção viu sua ida até San Francisco atrasar cerca de três horas por um problema da companhia aérea Delta. O Uruguai também ficou mais tempo preso em Las Vegas após eliminar o Brasil e precisou fazer um treino a mais no calor de mais de 45º da cidade. A maioria dos profissionais de imprensa que viajou pelo país na cobertura do torneio também sofreu com atrasos. Devido às condições climáticas, a comissão técnica de Dorival teve de esperar quase uma semana pra retornar ao Brasil.
SEGURANÇA
A final da competição foi marcada por tentativa de invasão e conflitos. Antes da bolar rolar para Argentina e Colômbia, alguns torcedores chegaram a invadir o Hard Rock Stadium e isso gerou conflitos com as forças de seguranças. O caos rendeu detidos e feridos, e a Conmebol adiou em 30 minutos o início da partida.
O principal problema de segurança se deu na semifinal com a briga generalizada nas arquibancadas. Os jogadores uruguaios tiveram que interceder por suas famílias que estavam no meio da confusão e a segurança do estádio demorou a agir e conseguir conter a confusão ou tirar as famílias dos atletas dali.
A Conmebol sentiu dificuldade em trabalhar a parte de segurança por causa das diferentes leis e protocolos em diferentes estados no país. Dentro dos EUA, cada estado tem suas próprias leis e lida de uma forma diferente com os protocolos de segurança. O fato preocupa a Fifa.
ESTRUTURA DE IMPRENSA
Em nenhum local de treinamento que a seleção brasileira passou durante a Copa América havia uma estrutura mínima para a imprensa. Assim que o treino era fechado por ordem da comissão técnica, os profissionais eram retirados do local e precisavam ficar pelas ruas trabalhando, pois não havia nenhuma sala de apoio aos jornalistas.
A operação de imprensa no dia de jogo também teve problemas. No Levi’s Stadium, a imprensa usava a mesma entrada do torcedor e, com os portões ainda fechados e aglomeração gigante na porta, os profissionais precisaram se espremer em meio aos torcedores e pedir licença para passar e chegar ao portão. Já no Allegiant não havia uma lanchonete no andar da imprensa e os profissionais que quisessem comer algo precisavam enfrentar as grandes filas do estádio ao lado dos torcedores, o que atrapalhava quem estava em uma transmissão, por exemplo.
Causou estranhamento também o fato da coletiva de imprensa da final, no Hard Rock Stadium, ser improvisada dentro do vestiário visitante do estádio.
EDER TRASKINI / Folhapress