Entenda de que formas o Partido Democrata pode escolher um novo candidato

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, cedeu à pressão e anunciou neste domingo (21) que não será o candidato do Partido Democrata à Casa Branca. Com a desistência do presidente, a sigla entra em uma corrida para oficializar um substituto, que precisa ser aprovado durante a Convenção Nacional Democrata, marcada para os dias 19 e 22 de agosto em Chicago.

Os democratas têm agora alguns caminhos disponíveis para escolher quem enfrentará o ex-presidente Donald Trump nas eleições em novembro, e os principais cardeais do partido devem buscar evitar caos generalizado e decidir a questão o mais rápido possível.

Oficialmente, um candidato do partido só é escolhido na Convenção Nacional. Esse evento reúne todos os delegados eleitos durante as primárias, que são votações indiretas para presidente que aconteceram em cada um dos 50 estados dos EUA e envolveram apenas candidatos do partido democrata –a depender do estado, qualquer pessoa pode votar, mas em alguns, como Pensilvânia e Nevada, apenas filiados da sigla participam do processo.

Nenhum democrata de peso resolveu concorrer contra Biden nas primárias deste ano, uma vez que costuma haver forte preferência dos eleitores por um presidente que busca a reeleição. Assim, o ex-candidato obteve a esmagadora maioria de delegados: 3.933 de cerca de 4.500. Esses delegados deveriam apoia-lo na convenção do partido, embora houvesse uma brecha nas regras da convenção para uma rebelião.

Entranto, ao desistir da candidatura, Biden libera os delegados para apoiar quem eles desejarem. Isso abre a porta para o que se chama de uma convenção aberta, onde interessados na candidatura negociariam e fariam campanha diretamente com os delegados, e quem conseguir uma maioria simples de cerca de 1.968 votos será o candidato à Casa Branca.

O nome mais forte para uma competição desse tipo é o da vice-presidente Kamala Harris, que é a pessoa mais conhecida nacionalmente depois de Biden e que tem tido uma leve vantagem sobre Trump em pesquisas de intenção de voto nacionais –um levantamento do jornal The Washington Post a coloca três pontos percentuais na frente do republicano, enquanto Biden está um ponto atrás de Trump.

Entretanto, mesmo que Kamala receba o apoio oficial do presidente, os delegados não têm obrigação de escolhê-la em uma convenção aberta, o que abre a possibilidade para outros nomes que vem sendo aventados na imprensa americana: os governadores Gavin Newsom, da Califórnia, Gretchen Whitmer, de Michigan, ou J.B Pritzker, de Illinois, o líder da minoria na Câmara dos Deputados, Hakeem Jeffries, e o secretário dos Transportes, Pete Buttigieg, entre outros.

Para concorrer em uma convenção aberta, um candidato precisa obter o apoio pelo menos 600 delegados. A depender da quantidade de postulantes à nomeação, os membros da convenção votam e, se ninguém obtiver maioria simples, retomam as negociações e votam de novo até que ela seja alcançada.

Tudo isso aconteceria nos quatro dias da convenção, e líderes democratas temem que o caos de uma convenção aberta possa enfraquecer quem quer que saia vitorioso dela e diminuir as chances de derrotar Trump em novembro.

A última vez que houve uma convenção aberta no Partido Democrata foi em 1968, quando o presidente Lyndon Johnson anunciou em março daquele ano que não concorreria à reeleição, motivado por problemas de saúde e pela reprovação que sofria por conta da Guerra do Vietnã. Na época, a convenção escolheu o vice de Johnson, Hubert Humphrey, que perderia a eleição para o republicano Richard Nixon.

Entretanto, uma convenção aberta não é a única opção à disposição do partido. Se líderes partidários, incluindo os principais nomes no Senado e na Câmara dos Deputados, chegarem a um consenso de que Kamala é a melhor opção, pode haver um acordo para que ela seja a única candidata na convenção, garantido assim que será a indicada da sigla à Casa Branca.

Outra possibilidade -menos provável, dado o adiantado da hora- é que os democratas busquem repetir as primárias de alguma forma, com votações rápidas em estados estratégicos ou a realização de debates entre os candidatos com o objetivo de consultar, ainda que de maneira mais ou menos informal, sua base e o eleitorado antes de escolher um substituto para Biden em agosto.

VICTOR LACOMBE / Folhapress

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