Entenda o conflito entre as Coreias do Sul e do Norte

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O armistício que pôs fim à Guerra da Coreia, mas não encerrou o conflito entre o Norte comunista e o Sul capitalista, completa 70 anos neste 23 de julho de 2023. Veja a seguir os principais fatos da cronologia do embate, que opõe também EUA e Japão, aliados de Seul, a Pequim e Moscou, que apoiam a ditadura de Kim Jong-un.

*

O CAMINHO DA GUERRA

1910 – Ocupação japonesa da península.

1945 – Japão se rende na Segunda Guerra Mundial aos EUA. Americanos dividem a península em áreas de ocupação suas e dos soviéticos, ao norte.

1948 – Em agosto, a República da Coreia (Sul) é estabelecida, norte comunista faz o mesmo um mês depois.

Jan. 1950 – O fundador da Coreia do Norte, Kim Il-Sung, convence o ditador Josef Stálin que deveria “libertar” o Sul. O soviético aceita, levando o chinês Mao Tsé-tung a fazer o mesmo.

Jun. 1950 – A guerra começa em 25 de junho. Dois dias depois, a ONU aprova a criação de uma força militar para ajudar o Sul. Os soviéticos não vetaram a proposta porque estavam boicotando o Conselho de Segurança porque a China estava representada pelo governo no exílio em Taiwan no órgão. Seul cai no dia seguinte.

Set. 1950 – Máximo do avanço comunista, que tomou quase toda a península, mas que perdeu quase metade de seu poderio. O Sul só controla um perímetro em torno do porto de Pusan. Uma força americana faz um desembarque vital em Incheon, e em dez dias Seul foi retomada.

Out. 1950 – As forças da ONU avançam ao norte, cruzando a fronteira do paralelo 38. A China intervém em favor dos comunistas, segurando o ataque liderado pelos EUA.

Dez. 1950 – A um alto custo (80 mil baixas), chineses expulsam forças americanas do território norte-coreano.

Jan. 1951 – Forças chinesas e norte-coreanas retomam Seul, que voltaria ao controle do Sul em março.

Jul. 1951 – Após duras batalhas, forças da ONU resistem aos comunistas. Começam as negociações de paz, que duram dois anos.

Jul. 1953 – Em 27 de julho, o armistício é assinado entre a ONU, a China e Kim. É estabelecida a DMZ (Zona Desmilitarizada, na sigla inglesa). A Coreia do Sul não assina o acordo, mas o reconhece. A paz nunca veio.

A GUERRA FRIA

Anos 1950 e 1960 – Não houve avanços em negociações, com cada lado tentando demonstrar superioridade sobre o outro e com incidentes violentos, como o sequestro de um avião sul-coreano em 1968.

1972 – Com a aproximação EUA-China, Sul e Norte passam a conversar. Em 4 de julho, é assinado comunicado com os Três Princípios da Reunificação (fim de influência externa, unicidade étnica da península e renúncia à guerra).

Anos 1970 e 1980 – Idas e vindas nas relações, sem um acordo de paz. Em 1988, o Norte tenta boicotar a Olimpíada em Seul, sem sucesso, e o ocaso da Guerra Fria levou a uma reaproximação com novo comunicado de reunificação em 1991.

OTIMISMO E FRACASSO

1994 – EUA e Coreia do Norte assinam acordo visando evitar o desenvolvimento de armas nucleares por Pyongyang, levantando sanções.

1998 – O presidente sul-coreano Kim Dae-jung inaugura a Política do Brilho do Sol, visando integração e promovendo encontros de famílias separadas. Faz a primeira cúpula com o Norte em 2000, e os países marcham juntos nos Jogos de Sidney no mesmo ano. Iniciativas de investimento do Sul no Norte são estabelecidas.

2002 – Sob George W. Bush, os EUA rejeitam a aproximação com o Norte, integrado ao chamado Eixo do Mal.

2006 – O Norte explode sua primeira bomba atômica e retoma seu programa de testes de mísseis balísticos. No ano seguinte, Kim Jong-il e o sul-coreano Roh Moo-hyun assinam declaração de paz para tentar estabelecer um tratado.

2010 – Coreia do Sul encerra a Política do Brilho do Sol. No ano seguinte, Kim Jong-un assume o poder após a morte do pai, e em 2015 ele se diz disposto a negociar a paz.

2016 – Kim acelera seu programa de mísseis, que agora podem atingir a costa americana, e faz três testes nucleares em dois anos.

2017 – Donald Trump assume nos EUA e ameaça guerra contra Kim. Em Seul, o novo presidente, Moon Jae-in, promete retomar a política de aproximação. Ao fim, o norte-coreano se encontra tanto com o sul-coreano quanto com o americano, este em três ocasiões de 2018 a 2019.

TAMBORES DE GUERRA

2020 – Negociações entre EUA e Pyongyang descarrilam, e Kim corta contatos com o Sul. Pandemia isola o regime norte-coreano totalmente.

2021 e 2022 – Novo presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, adota uma política agressiva contra Kim. Norte retoma programa de mísseis com repetidos testes, que ajudam a fazer o Japão abandonar o pacifismo oficial e a se aproximar da rival Seul. Norte se alinha à Rússia na Guerra da Ucrânia, e segue com apoio da China.

2023 – Tensões crescem com mais testes. EUA dobram aposta no militarismo e, apesar de rejeitar instalar armas nucleares no Sul como na Guerra Fria, criam grupo consultivo com Seul sobre emprego desses armamentos e enviam submarino armado com bombas atômicas pela primeira vez desde 1981. Os lados se provocam com exercícios militares e testes de mísseis.

IGOR GIELOW / Folhapress

COMPARTILHAR:

Participe do grupo e receba as principais notícias de Campinas e região na palma da sua mão.

Ao entrar você está ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.

NOTÍCIAS RELACIONADAS