Entenda o Erac, sistema que corta a luz para evitar efeito dominó no apagão

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O apagão da manhã desta terça-feira (15) teve impactos contidos por meio de um mecanismo de proteção desenvolvido para evitar o efeito dominó após a queda de grandes blocos de geração ou de linhas transmissão de energia no país.

Chamado de Erac (esquema regional de alívio de carga), o mecanismo define o corte automático de consumidores previamente estabelecidos para evitar um desequilíbrio maior que leve ao colapso o sistema de transmissão de energia.

É considerado fundamental em um país de grandes dimensões que tem o sistema elétrico interligado por linhas de transmissão que chegam a percorrer mais de mil quilômetros para levar energia de centros produtores nas regiões Norte e Nordeste aos consumidores da região Sudeste, por exemplo.

O ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) define o Erac como um “sistema especial de proteção que, por meio do desligamento automático e escalonado de blocos de carga, utilizando relés de frequência, minimiza os efeitos de subfrequência decorrentes de perda de grandes blocos de geração”.

Isto é, quando há uma variação de frequência na rede de transmissão, equipamentos chamados de relé derrubam áreas específicas das distribuidoras de eletricidade, seguindo um cronograma pré-definido de cortes de acordo com a intensidade da variação da frequência.

Nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, por exemplo, o Erac determina diversos estágios de cortes de 7% da carga quando a frequência cai abaixo do padrão de 60Hz em que opera o sistema de transmissão brasileiro. O primeiro estágio é acionado quando a frequência atinge 58,5 Hz.

As áreas afetadas são definidas previamente pelas distribuidoras, em um esforço para evitar, em um primeiro momento, a falta de luz em regiões com grande presença de serviços públicos essenciais, como hospitais ou aeroportos.

O sistema passou a ser reforçado a partir do início dos anos 2000, após um dos maiores blecautes da história recente do país: em março de 1999, cerca de 60 milhões de brasileiros ficaram no escuro após a queda do sistema de transmissão.

O problema atingiu dez estados das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste e chegou ao Paraguai, já que os sistemas de proteção não impediram impactos também na usina de Itaipu.

O apagão afetou aeroportos, hospitais, gerou tumultos em estações de trens em São Paulo e interrompeu partidas de uma rodada da Copa do Brasil. O restabelecimento completo do sistema levou quatro horas.

O Erac define também um esquema seguro para a retomada gradual do fornecimento, que evita novas possibilidades de queda quando a frequência da rede de transmissão se estabiliza.

Nos primeiros estágios, os blocos de carga a serem restabelecidos devem ser iguais ou inferiores a metade das cargas desligadas em cada estágio. O intervalo de tempo entre o restabelecimento deve ser de no mínimo dez segundos.

Depois, os intervalos mínimos de restabelecimento sobem para um minuto e os blocos de carga restabelecidos podem ser iguais aos cortados.

NICOLA PAMPLONA / Folhapress

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