SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central se reúne ao longo do ano para definir a taxa básica de juros, conhecida como Selic.
Entre agosto de 2020 e março de 2021, ela esteve em seu nível mais baixo da história, aos 2% ao ano. Depois disso, passou por sucessivos aumentos até atingir 13,75%, em agosto de 2022.
A taxa ficou nesse patamar até agosto deste ano, quando foi reduzida em meio ponto percentual. Outro corte de 0,5 ponto foi realizado em setembro.
Entenda o que é a Selic e como ela pode afetar seu dia a dia.
O QUE É A SELIC?
A Selic é a taxa básica de juros da economia e serve de referência para as outras taxas de juros do mercado financeiro.
A sigla é a abreviação de Sistema Especial de Liquidação e de Custódia, uma plataforma para a compra e venda de títulos públicos federais.
A média dos juros pagos pelo governo a quem compra esses papeis forma a taxa Selic.
Quando o Copom divulga a taxa Selic após uma reunião ele está, na verdade, fixando uma meta para as futuras compras e vendas dos títulos.
O QUE A SELIC TEM A VER COM A INFLAÇÃO?
A texa básica de juros é considerada a principal forma de controlar a inflação, porque afeta as outras taxas de juros e, portanto, eleva ou reduz a facilidade para fazer empréstimos, consumir e investir.
Se os juros sobem, cai o estímulo ao consumo, a demanda se reduz e a tendência é que os preços fiquem controlados.
O efeito sobre a inflação, porém, não é imediato: economistas afirma que pode levar de seis a oito meses para se traduzir em maior ou menor atividade da economia e, portanto, afetar a inflação.
COMO É DEFINIDA A SELIC?
A fixação da taxa Selic é realizada pelo Copom, comitê formado pelo presidente (atualmente, Roberto Campos Neto) e por oito diretores do Banco Central.
O comitê se reúne a cada 45 dias, durante dois dias, nos quais analisa indicadores, debate a conjuntura econômica e decide se altera a taxa Selic vigente.
Além da inflação, podem afetar essa decisão indicadores como emprego e desemprego, atividade econômica e índices de produtividade da economia.
Fatores externos, como taxas de juros do governo americano, tendência da cotação do dólar, preços de commodities e petróleo também podem afetar a decisão.
A TAXA SELIC AFETA AS CONTAS PÚBLICAS BRASILEIRAS? COMO?
Sim. Os juros pagos pelo governo aos investidores que compraram títulos públicos federais têm como meta a taxa Selic estabelecida pelo Copom.
Quem compra um título público está, na prática, emprestando dinheiro para o governo, e cobra juros por esse empréstimo. Se a Selic está alta, o valor devido pelo Tesouro a seus credores cresce.
De acordo com o cálculo do BC feito em junho, um aumento de um ponto percentual na taxa Selic, mantido pelo período de 12 meses, tinha um impacto de R$ 38 bilhões na dívida bruta, o que corresponde a cerca de 0,4 ponto percentual do PIB (Produto Interno Bruto).
COMO ISSO AFETA A VIDA DAS PESSOAS COMUNS?
Para as pessoas comuns, o efeito imediato acontece pelas taxas de juros cobradas em financiamentos como o da casa própria, do carro novo, do cartão de crédito ou do crediário. Também aparece em empréstimos em geral, seja um crédito pessoal seja para empresas.
Quando a Selic sobe, os juros pagos pelos bancos nas transações entre si ficam maiores, e, em decorrência disso, eles passam a cobrar taxas maiores de seus clientes.
Em situações em que a Selic está alta, tomar dinheiro emprestado fica mais caro, porque os juros que os bancos pagam em transações entre si ficam mais caros -e as instituições financeiras repassam esse aumento ao consumidor comum.
Por outro lado, com juros mais altos as pessoas têm mais incentivos para investir seu dinheiro em vez de consumir ou usá-lo em seus negócios e empresas, elevando a poupança.
Redação / Folhapress