Entenda o que é o vinho ‘reservado’, o tipo mais comum nos supermercados

Redação

Das mercearias mais populares às adegas dos mais supermercados mais refinados, os vinhos “reservados” estão sempre presentes, com seus preço atraentes e uma experiência até bastante agradável para quem só quer uma tacinha para acompanhar o jantar. Não à toa, segundo a Nielsen, o Reservado da vinícola chilena Concha y Toro está entre os rótulos importados mais vendido do país.

Mas não é só a Concha y Toro que tem vinhos reservados. Outras vinícolas chilenas populares no Brasil, como Santa Helena e Santa Carolina, e até mesmo vinícolas nacionais também tem o “reservado” em seu portfólio. Mas o que, afinal significa essa expressão? Vinho reservado é ruim? É bom?

O vinho reservado nada mais é do que um vinho jovem, que foi da produção direto para as garrafas, sem passar por nenhum processo de descanso ouhttps://www.enologia.org.br/ envelhecimento em barricas de madeira, por exemplo. “Isso não significa que ele é ruim. Apenas que ele é menos complexo do que um vinho envelhecido”, explica Ricardo Morari, presidente da Associação Brasileira de Enologia.

Sem tempo de armazenagem, a produção desses vinhos fica mais barata, fazendo deles um produto “de entrada”, os mais em conta que as vinícolas conseguem fazer. Os chilenos e argentinos perceberam o Brasil como um importante mercado para esse tipo de vinho, mas faltava neles algum elemento distintivo de qualidade que fisgasse o brasileiro de vez. Foi então que eles criaram o termo “reservado”.

“Nossos vizinhos chilenos e argentinos passaram a chamar os vinhos jovens de ‘reservado’ para dar a eles um ar mais sofisticado, posicionando-os como uma categoria diferente e até superior”, explica Morari. “Mas essa classificação nem obrigatória é. Um produtor pode engarrafar um vinho fino sem classificá-lo de nenhuma forma. Mas a maior parte das vinícolas acabam usando essas classificações porque elas ajudam a vender mais.”

Após protestos de produtores brasileiros que se sentiram em desvantagem em relação aos chilenos e argentinos, em 2018 o Ministério da Agricultura brasileiro publicou uma instrução normativa que padronizou as nomenclaturas que podem ser utilizadas nos vinhos vendidos no país:

Vinho reservado: Vinho jovem pronto para consumo, com graduação alcoólica mínima de 10%

Vinho reserva: Vinho com graduação alcoólica mínima de 11% envelhecido por pelo menos 12 meses (para tintos) ou 6 meses (para brancos e rosés) em qualquer tipo de recipiente

Vinho gran reserva: Vinho com graduação alcoólica mínima de 11%, envelhecido por pelo menos 18 meses (para tintos) ou 12 meses (para brancos), necessariamente em recipientes de madeira

Vale lembrar que essa classificação se aplica apenas aos vinhos finos e nobres, que são aqueles produzidos com uvas europeias -como a Merlot, Cabernet Sauvignon, Pinot Noir, Chardonnay, etc. Os vinhos produzidos com outras uvas, como Cataúba ou Niágar, pertencem a outra categoria, a dos “vinhos de mesa”, que apesar de serem considerados inferiores, têm ganhado respeito e espaço no mercado.

Dos cinco melhores vinhos brasileiros reconhecidos no International Wine and Spirits Competition, uma das mais importantes competições do gênero no mundo, apenas dois passaram por envelhecimento e ganharam o selo “reserva” ou “gran reserva”. Todos os outros, incluindo o melhor deles, é um vinho jovem, da safra de 2022, e custa R$74 – veja a lista completa aqui.

Da próxima vez que for escolher um vinho, lembre-se: pode escolher o reservado sem medo. A única diferença é que, por não ser envelhecido, ele é menos elaborado e complexo que os vinhos mais nobres e caros.

GABRIEL JUSTO

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