Entenda por que nem todo caso de suspeita de dengue é encaminhado para testagem

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Nem sempre que você procurar um hospital sentindo sintomas da dengue, será testado para a doença. Nas redes pública e privada, existe uma avaliação para saber se você deve mesmo passar pela testagem ou se deve apenas seguir as orientações dos médicos para tratar os sintomas.

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, as unidades de saúde da capital realizam atendimento a pacientes que apresentarem sintomas como febre alta, dores no corpo e articulações, dor atrás dos olhos, mal-estar, falta de apetite, dor de cabeça e manchas vermelhas no corpo. Os testes, porém, só são realizados mediante avaliação clínica —perguntas e exames físicos feitos pelos médicos.

A Secretaria Estadual de Saúde diz que o Instituto Adolfo Lutz (IAL) realiza exames de sorologia e de biologia molecular (RT-PCR) para o diagnóstico da dengue, mas que também é possível confirmar o diagnóstico com exame clínico.

O mesmo acontece nos hospitais particulares da rede Dasa e da Rede D’Or. É feita avaliação médica e encaminhamento conforme necessário. Apenas nas unidades de laboratório, basta fazer o agendamento ou se dirigir à unidade mais próxima, sem necessidade de triagem médica.

O infectologista Alberto Chebabo, da Dasa, explica que é recomendado fazer o diagnóstico da dengue clinicamente, ou seja, apenas com avaliação médica. “Nesse momento, quando a gente tem uma alta circulação do vírus, qualquer paciente com dor de cabeça forte, dor muscular e febre, podendo estar acompanhado de náusea e vômito, a gente vai avaliar como se fosse dengue e pode realizar o exame para fazer o diagnóstico de confirmação”, diz.

A triagem para o teste de dengue começa com a análise dos sintomas do paciente, como febre, dores de cabeça e no corpo, e manchas na pele, afirma Leonardo Weissmann, médico do Instituto de Infectologia Emílio Ribas e professor da Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp). Perguntas sobre viagens recentes para áreas onde a dengue é comum ou contato com infectados, diz, também ajudam os médicos a entender o risco. Como a dengue é mais comum em certas estações, a época do ano importa.

Além disso, o infectologista explica que os médicos usam regras baseadas em estudos para decidir quando os testes são mais úteis, dependendo de quanto tempo faz que os sintomas começaram, com o teste rápido nos primeiros dias e a sorologia posteriormente.

A ausência de testagem, mesmo com sintomas, pode ser atribuída a diversas causas, diz Weissmann. Se os sintomas parecem ser de outra doença menos séria, se forem muito leves ou se o teste não mudar o tratamento, pode-se optar por não fazer o teste.

A limitação de testes disponíveis, afirma o infectologista, também é uma realidade em cenários de escassez ou durante picos epidêmicos, quando é necessário fazer escolhas, direcionando os recursos para casos graves, portadores de doenças crônicas ou grupos de maior risco, como crianças com menos de 2 anos de idade, idosos com mais de 65 anos e gestantes.

Segundo a Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo, os testes sorológicos, com coleta após o 5° dia útil do início dos sintomas, são realizados para que se desenhe o cenário epidemiológico, com análise da série histórica de casos confirmados de dengue,

Já os testes rápidos, com coleta até o 5° dia útil do início dos sintomas, são realizados em todos os pacientes com doença grave e/ou que vierem a óbito. Estes testes incluem a detecção concomitante dos vírus da dengue, da zika e da chikungunya. Caso o resultado seja positivo para dengue, também é realizada a sorotipagem do vírus.

Além desses, afirma a pasta, o estado de São Paulo possui uma vigilância baseada em 71 unidades sentinelas, com cobertura geográfica consistente do território. Cada unidade realiza coleta de 2 a 5 amostras semanalmente de pacientes que apresentem febre acompanhada de uma das demais manifestações características da doença para realizar exames de biologia molecular, para monitorar a circulação dos sorotipos no estado.

Mas, em geral, diz a secretaria, quando o caso não é grave, o médico pode detectar a dengue por meio da avaliação clínica, análise dos sintomas e exames laboratoriais, como hemograma, sem necessidade do teste. Nesses casos, as ações seguidas são hidratação intensa ou internação, quando for o caso, fatores mais importantes para que se possa evitar o agravamento da doença.

A estratégia adotada é definida em parâmetros técnicos que constam nas “Diretrizes para a prevenção e controle das arboviroses urbanas no estado de São Paulo”.

GEOVANA OLIVEIRA / Folhapress

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