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Entenda por que Sebastião Salgado tirava fotos em preto e branco

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Sebastião Salgado, um dos fotógrafos mais respeitados do mundo, construiu sua obra em preto e branco, com tons de cinza. Ao longo de sua carreira, o artista visual, que morreu nesta sexta-feira (23), explicou por que fez essa escolha estética.

O preto e branco era uma escolha consciente. Em 1995, Salgado contou à Folha de S.Paulo que começou fotografando em cores, mas migrou para o preto e branco por afinidade. Ele dizia que essa paleta era mais adequada ao seu modo de ver e representar o mundo.

A cor o distraía. Em uma conversa também com a Folha de S.Paulo em 2022, Salgado declarou que não via mais o fato principal da fotografia nas imagens coloridas. Para ele, não era possível “concentrar no fato principal da foto”.

“No momento em que eu presto mais atenção ou me preocupo com a cor, como na camiseta vermelha de uma garota, posso ter perdido o mais importante, a sua expressão”, disse o fotógrafo.

Segundo Salgado, o preto e branco traduzia melhor a emoção. Na mesma entrevista, em 2022, ele afirmou que, com as fotografias em preto e branco, “conseguia transmitir algo nas gamas de cinza, e não mais de maneira escandalosa e acintosa como eram com as cores”.

“Sou obrigado a entrar nesse mundo fantasma para poder restituir a realidade do que estou vendo. O preto e branco é uma ficção, e sou obrigado a entrar na ficção para me concentrar”, afirmou Salgado.

Salgado chegou a fotografar em cores. Suas últimas imagens coloridas, no entanto, foram lançadas há quase 40 anos: em 1987 ele publicou seus trabalhos finais com cores, durante a comemoração dos 70 anos da revolução soviética. Além disso, Salgado explicou à Folha que suas fotos eram capturadas em cores, mas ganhavam os tons de preto e branco apenas no processo de revelação.

A técnica favorecia seu processo. Ainda em 1995, ele explicou que usava filmes Kodak Tri-X 400 ASA, conhecidos por sua sensibilidade e flexibilidade em condições de pouca luz. Salgado revelava os negativos em Paris e fazia as ampliações em casa, com controle total sobre o resultado final.

Em outra conversa, com o g1, o fotógrafo também abordou o tema. Em 2013, ele reafirmou ao portal que a ausência de cores o ajudava a focar nos temas principais das fotografias que tirava.

“Nada no mundo é em branco e preto. Mas o fato de eu transformar toda essa gama de cores em gamas de cinza me permitiam fazer uma abstração total da cor e me concentrar no ponto de interesse que eu tenho na fotografia. A partir desse momento, eu comecei a ver as coisas realmente em branco e preto”, disse Salgado, em entrevista ao g1.

LUCAS ALMEIDA / Folhapress

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