Entenda ‘salto cheng’ de Rebeca Andrade e como funciona a nota da ginástica artística

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Chegar ao pódio na ginástica artística, um dos esportes mais tradicionais das Olimpíadas, requer dos ginastas uma apresentação que combine perfeição na execução e alto nível de dificuldade.

A etapa de classificação do masculino foi no sábado (27) e das mulheres ocorre neste domingo (28) na Arena Bercy. De segunda-feira (29) até 5 de agosto acontecem as finais por equipes, individual geral, que premia o ginasta mais completo, e por aparelhos.

Depois de conquistar o ouro na prova do salto e a prata no individual geral nas Olimpíadas de Tóquio, Rebeca Andrade é mais uma vez esperança de medalha. O time feminino também pode subir ao pódio com as ginastas Flávia Saraiva, Jade Barbosa, Julia Soares e Lorrane Oliveira. No masculino, as chances são Arthur Nory e Diogo Soares.

Os homens competem no salto sobre a mesa, solo, barra fixa, barras paralelas, cavalo com alças e argolas. As mulheres, no salto sobre a mesa, solo, barras assimétricas e trave de equilíbrio.

Na ginástica artística, a nota final é resultante da soma das notas de dificuldade e execução. Cada prova tem regras próprias e gerais previstas no Código de Pontos da Federação Internacional de Ginástica (FIG).

A nota por dificuldade é dada por dois árbitros, que podem trocar informações entre si para avaliar se o salto anunciado foi realmente feito.

As duas notas são registradas e comparadas com a nota dada pelo árbitro supervisor. Se houver diferença para além de uma pequena margem, a nota é bloqueada e um árbitro superior assiste à prova por vídeo para definir a pontuação. É possível apresentar recurso, o que pode aumentar ou diminuir a nota.

No caso da nota por execução, a avaliação é feita por outros sete árbitros, que não podem conversar durante a apresentação. As duas maiores e menores notas são desconsideradas.

O ginasta começa inicia com 10, nota que vai diminuindo conforme os erros durante a rotina, como joelhos dobrados ou tropeço ao aterrissar. Os descontos variam de 0.1 a 1 ponto conforme a falha.

A prova do salto, em que Rebeca conquistou o ouro nas Olimpíadas de Tóquio, é a única em que a nota de dificuldade está pré-definida no código de pontuação.

O Cheng, um dos saltos feitos por Rebeca em Tóquio, tem nota 5.6 na regra atual. O salto mais difícil é o de Simone Biles, o Biles 2, que vale 6.4.

Há cinco grupos de salto registrados no código de pontuação. Para se classificar para a final, a ginasta precisa fazer dois saltos de grupos diferentes.

Na véspera das Olimpíadas, Rebeca Andrade submeteu ao FIG um vídeo de um novo salto, o Yurchenko com tripla pirueta, com dificuldade 6.0. Para receber o sobrenome de Receba, a ginasta precisa apresentar o salto durante uma competição oficial, o que pode ocorrer em Paris.

Como é a prova de salto?

A prova do salto tem quatro fases.

Começa no primeiro voo, iniciado assim que a ginasta tira os pés do trampolim rumo à mesa. A fase seguinte é a repulsão, em que a ginasta coloca as mãos sobre o aparelho e ganha impulso para a etapa seguinte, chamada de segundo voo. A execução de uma interfere diretamente na qualidade da outra, pois é preciso ganhar altura suficiente para realizar as acrobacias que o salto exige.

Árbitra Internacional de ginástica artística feminina, Elaine Gueriero, explica que no segundo voo é observada a exatidão do salto: se é grupado (posição com os joelhos flexionados e o quadril flexionado), carpado (tem o quadril flexionado e tem os joelhos estendidos) ou estendido (sem flexionar o joelho e o quadril, com o corpo alinhado).

“Se você não estiver com uma posição perfeita, você tem desconto. Por exemplo, por você ter escolhido salto estendido e não mantem a posição”, diz.

A última etapa é a aterrissagem, na qual se espera que a ginasta retorne ao centro do trampolim com as duas pernas unidas, cravando a chegada. Caso haja desvios em relação à linha principal ou queda, há descontos que variam conforme a gravidade.

É na aterrissagem que aparece ainda a figura do assistente de linha, que penaliza a ginasta caso a marcação seja ultrapassada. Se isso acontecer, também cabe recurso.

“A linha é chamada de dedução neutra, porque vai ser deduzida da nota final. Vamos supor que a nota foi 12, mas a ginasta saiu da linha com os dois pés, o que gera um desconto de 0.3, então a nota final será 11.7”, diz Gueriero.

GÉSSICA BRANDINO E LUCIANO VERONEZI / Folhapress

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