SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um grupo de entidades ligadas à imprensa brasileira repudiou a convocação e o tratamento dado ao repórter fotográfico da Reuters Adriano Machado na CPI do 8 de janeiro. O profissional foi convocado e prestou depoimento nesta terça (15).
No início do mês, a CPI convocou Machado a se apresentar por entender que ele “testemunhou um crime, que foi a depredação do Palácio do Planalto”. A convocação, feita a pedido da oposição, recebeu o apoio do presidente do colegiado, deputado federal Arthur Maia (União Brasil-BA).
Em nota, as entidades repudiaram a convocação e a “tentativa, por parte de alguns parlamentares, de atacar a honra do jornalista e a reputação de toda a imprensa brasileira”.
O documento afirma que Machado respondeu aos questionamentos com tranquilidade, “mas foi ofendido por diversas vezes, quando parlamentares da oposição, com vistas a atacar o governo, o acusaram de participar de uma encenação de golpe”.
Durante o depoimento, um parlamentar anunciou que pediria a quebra do sigilo telemático do repórter fotográfico para saber com quem ele trocava mensagens. O profissional também foi questionado por não ter dado voz de prisão aos manifestantes que invadiram e depredaram o Palácio do Planalto.
“Cabe ao fotojornalista registrar as imagens do crime. O papel de coibir, identificar criminosos, responsabilizá-los e puni-los é trabalho das autoridades de segurança e da Justiça. Pedir a quebra do sigilo telemático de um profissional de imprensa é uma arbitrariedade, que contraria o direito constitucional de sigilo das fontes”, diz a nota.
As entidades entendem que a convocação do profissional, “como se fosse suspeito de um crime ou de um conluio, é uma forma de agressão e de intimidação à imprensa”.
As organizações afirmaram ainda “que não permitirão que profissionais de imprensa sejam usados como joguetes nas disputas políticas, tampouco nos atos e manifestações que põem sob risco a democracia”.
Assinaram a carta de repúdio a Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), o Instituto Vladimir Herzog, o Instituto Palavra Aberta, a FENAJ (Federação Nacional dos Jornalistas), a Tornavoz, os Repórteres Sem Fronteiras e a Ajor (Associação de Jornalismo Digital).
PRISCILA CAMAZANO / Folhapress