BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A resistência do Senado para respaldar as indicações do ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia) para agências reguladoras criou incertezas sobre o futuro do conselho de administração da Petrobras.
As especulações sobre a dança das cadeiras se intensificaram nesta quarta-feira (4), o que influenciou o preço das ações na Bolsa diante das incertezas sobre o futuro da empresa.
O ministro defende no governo o nome de Pietro Mendes, seu secretário e atual presidente do conselho de administração da Petrobras, para a presidência da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).
Caso o nome seja confirmado pelo Congresso, outra pessoa precisará liderar o colegiado da estatal -já que o estatuto da empresa veda a participação de membros de órgãos reguladores.
Membros de diferentes pastas dizem que o nome de Bruno Moretti -atual assessor do ministro Rui Costa (Casa Civil)- está em discussão e uma pessoa chega a dizer que ele tem boas chances de ocupar a cadeira na empresa.
Formado em economia pela Universidade Federal Fluminense, Moretti já é atualmente conselheiro da Petrobras e, na Casa Civil, atua como assessor especial de Análise Governamental. Neste ano, ele chegou a ser citado nos bastidores como um possível substituto para o então CEO da estatal Jean Paul Prates.
No entanto, em mais de um ministério é dito que o cenário ainda é incerto e que não há definição sobre o nome de Moretti por enquanto. Uma das variáveis é justamente a incerteza em relação ao futuro de Pietro.
Há meses defendido por Silveira, seu nome ainda não foi enviado ao Congresso. Entre membros do governo, a avaliação é que o nome de Pietro precisaria ser sabatinado e aprovado pelo Senado para ser definido de fato o futuro de Moretti na Petrobras.
Caso a solução fosse adiante, Silveira abriria mão do controle sobre o conselho da Petrobras e ganharia, em troca, o comando da ANP. Apesar disso, o Senado tem dado sucessivos sinais de que não apoiará os nomes defendidos pelo ministro.
Representantes do Senado afirmam que a indicação para as agências precisa vir de um acerto com a Casa, e não da preferência pessoal do ministro.
Na última quinta-feira (28), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, foi questionado sobre as indicações para as agências e afirmou que não vê problemas em deixar a discussão para o ano que vem. Por enquanto, não há data marcada para a deliberação.
“Vamos nos esforçar. Temos encontros nos próximos dias, vamos tentar chegar a algum consenso em relação às agências. Se eventualmente for possível, fazemos [a votação] neste ano. Se não, não há prejuízo também de deixar para o início do ano que vem”, afirmou Pacheco na quinta.
Diante das especulações sobre as mudanças, as ações da Petrobras fecharam em queda nesta quarta-feira (4) em meio a preocupações de investidores com o futuro da empresa.
No Ibovespa, as preferenciais (PETR4) caíram 0,63%, cotadas a R$ 39,25, e as ordinárias (PETR3) perderam 0,95%, a R$ 42,37 cada.
Já na Bolsa de Nova York, os ADRs -sigla em inglês para recibo de depósito americano– caíram 0,88%, cotados a US$ 14,03 (R$ 84,73, na atual cotação).
FÁBIO PUPO / Folhapress