Erros de Trump e rejeição a Biden deixam eleição indefinida, diz Ipsos

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Clifford Young, presidente da Ipsos nos Estados Unidos, disse em conversa com a imprensa nesta semana que “há muita indefinição” nas eleições presidenciais nos Estados Unidos.

“Não sabemos o que vai acontecer”, diz presidente da Ipsos. Young diz que, embora Kamala Harris apresente vantagem nas pesquisas eleitorais, Donald Trump tem mais confiança do eleitor para lidar com as principais preocupações dos americanos: inflação e imigração.

Trump lidera nos chamados “fundamentos”. Dados recolhidos pela empresa de pesquisas Ipsos indicam que o eleitor americano confia mais em Donald Trump para resolver as questões econômicas (46% preferem Trump a Kamala) e de imigração (45% preferem o republicano), um dos maiores problemas do país para um terço dos eleitores.

Embora Trump não explore propostas em discursos, tem vantagem por ser republicano, diz presidente da Ipsos. Segundo Clifford Young, presidente da empresa nos Estados Unidos, o candidato republicano tem melhor resultado nas pesquisas sobre economia e imigração pelo seu partido ser historicamente preferido para lidar com essas questões. Apesar disso, nas últimas pesquisas eleitorais, Young vê um crescimento de Harris nesses pontos.

“Estados Unidos estão mais progressistas, e Kamala representa esse movimento”. Uma série de pesquisas da IPSOS mostra uma aceitação maior dos americanos sobre temas progressistas. De 1970 para 2023, cresceram a porcentagem de pessoas que acredita que mulheres deveriam poder realizar abortos legais por quaisquer razões e que discordam que homens são melhores que mulheres para política, por exemplo. Para Clifford Young, o bom desempenho de Kamala Harris está associado a essa maior tolerância dentro do país.

“Nativismo define a política americana hoje”, diz Young. Para ele, a reação conservadora ao maior progressismo dos Estados Unidos seria um aumento do sentimento nativista entre republicanos. Em 2024, 77% dos Republicanos consideram que empregadores deveriam preferir contratar americanos a imigrantes em casos quanto empregos estiverem escassos. “É a grande questão nos Estados Unidos”, afirma.

Com aprovação de Biden baixa, Kamala deveria ir pior em pesquisas. Young argumenta que, como apenas 39% dos americanos aprovam o atual presidente, os índices deveriam marcar menor favorabilidade de Kamala à Casa Branca, o que não acontece. Da mesma maneira, as mentiras e ataques pessoais de Trump deveriam baixar sua popularidade, tendência que não está sendo seguida.

Trump “está perdendo tempo com campanha”, diz presidente da Ipsos. Para Young, a estratégia de campanha do republicano não está funcionando, o que deixa um vácuo benéfico para sua adversária. “Ele precisa parar com os ataques pessoais. Em vez de ligar Kamala a Biden, faz ataques inúteis a ela. Cada dia que passa é um dia bom [de campanha] para ela”, afirma.

THIAGO BOMFIM / Folhapress

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