Escola infantil do grupo chileno Vitamina tem demissão em massa em SP

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A escola infantil Primeiro Passo, no Paraíso, zona sul de São Paulo, pode fechar as portas na próxima segunda-feira (21), segundo a diretora da unidade e pais dos alunos.

Isso porque 5 dos 14 funcionários do local pediram demissão devido à falta de pagamento de benefícios trabalhistas e a atrasos de salários, entre outros problemas.

A unidade foi comprada há quase três anos pelo grupo chileno Vitamina, que tem acumulado uma série de problemas desde que chegou ao Brasil, em 2019.

O grupo comprou 37 escolas de educação infantil, a maioria em São Paulo. Porém, quatro anos depois, a operação no país acumula dívidas com fornecedores, antigos proprietários e até professores.

Questionada, a assessoria do Vitamina disse que só iria se manifestar nesta sexta (18).

O Vitamina chegou ao Brasil com aporte financeiro da Península, da família de Abílio Diniz. O projeto era chegar a mais de cem escolas no país. A relação da Península com o grupo começou a ter problemas, no entanto, e o fundo de investimentos brasileiro se retirou do negócio em meados do ano passado.

Em maio, a Folha mostrou que uma unidade comprada pelo grupo no Brooklin (também na zona sul da cidade) fechou as portas sem comunicar aos pais.

Na unidade do Paraíso, dos 14 profissionais de diferentes áreas da escola, 5 estão com salários atrasados, segundo a diretora, que pediu para não ter seu nome divulgado. Benefícios como FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) e vale-transporte também não foram pagos, de acordo com a profissional e com pais de alunos.

O pai de uma aluna recebeu, na última terça-feira (15), um comunicado da diretora da escola. No texto, a diretora diz que estava se demitindo “por não compactuar com tudo o que está acontecendo”.

Um outro comunicado avisa que uma reunião com os pais que estava marcada para esta quinta (17) e um evento que aconteceria no sábado (19) foram cancelados.

O empresário João Paulo Turcato tem filhas gêmeas de um ano que ficam no berçário da escola. Ele disse estar indignado com a situação.

“É um absurdo o que está acontecendo. A diretora é ótima, a gente tem canal aberto na escola, mas ela não tem autonomia e nem condições para resolver isso. A gente quer um posicionamento do responsável pelo grupo Vitamina. A gente quer a escola funcionando corretamente para a comunidade.”

Os pais não descartam acionar o Ministério Público para acompanhar a situação e avaliar a conduta do grupo educacional. Segundo eles, a unidade responde a processos judiciais por atrasos no pagamento do aluguel e também por dívidas com fornecedores que realizaram reformas no prédio.

Uma funcionária pública, mãe de um aluno de quatro anos, afirmou que quarta-feira (16) foi o último dia do filho na unidade. Ela e o marido estão trabalhando meio período, mesmo sem autorização dos empregadores, para se revezar cuidando do menino.

A diretora disse à reportagem que, além dela, outros cinco funcionários pediram demissão por causa dos constantes problemas e da falta de informação do Vitamina sobre possíveis soluções. Ela ressalta que mesmo com os problemas a unidade ainda funciona e que a parte pedagógica e a alimentação das crianças não foram impactados.

A Primeiro Passo existe há 40 anos e atualmente atende 40 alunos de 0 a 5 anos. A mensalidade custa em torno de R$ 2.600 meio período e R$ 3.000 no integral.

FRANCISCO LIMA NETO / Folhapress

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