Escolas em Santos têm debandada em dia de operação da PM após ataque contra policial

SANTOS, SP (FOLHAPRESS) – A coordenadora da escola municipal Candinha Ribeiro de Mendonça, Aparecida Alves de Souza, conta ter vivido nesta terça-feira (1º) um dia como nunca antes nos anos de profissão.

Ainda na primeira hora, logo após a abertura dos portões do pequeno colégio, no Morro da Nova Cintra, em Santos (SP), 16 responsáveis retornaram para buscar os filhos. Na família de um deles havia um baleado -a escola não informou detalhes sobre o caso.

“Fechamos as portas da escola e deixamos as crianças seguras. Dos 50 alunos, 38 estiveram presentes e só 22 ficaram depois da primeira hora. Nunca havia vivenciado isso antes”, disse Aparecida à reportagem.

“A irmã de um deles veio buscar e contou para nós que o tio havia sido baleado. A mãe estava em estado de choque. Não conseguia nem sair de casa” completa.

O relato é só um entre diversos relacionados a escolas situadas em morros do principal município da Baixada Santista.

A Polícia Militar iniciou nesta terça uma operação no morro do São Bento, horas depois de uma policial ser baleada com tiro de fuzil na mesma cidade, enquanto estava com a viatura, estacionada, no bairro Campo Grande. Após o caso, ao menos um homem foi morto na região.

“A situação é tensa. As crianças perguntam toda hora e nos trazem relatos do que ouviram. De manhã, alguns solicitaram saída e temos por orientação não dificultar”, explica Samantha Barbosa, assistente de direção da escola Therezinha de Jesus Siqueira Pimentel, no morro São Bento.

A escola anunciou aos alunos a suspensão das aulas noturnas momentaneamente. “Por segurança, consideramos melhor não termos aula hoje”, diz Samanta.

Responsáveis pela escola municipal Laurival Rodrigues, no morro Nova Cintra, explicaram que diversos ônibus da secretaria de educação de Santos, disponibilizados pela prefeitura, não conseguiam trazer alunos de pontos mais altos, como no morro São Bento, Tetéu e Vila Progresso.

“Nos preocupa porque aqui tem creche e, quando entramos da porta para dentro, não sabemos ao certo o que está acontecendo. São bebês, crianças muito pequenas”, relata uma das funcionárias

Trabalhadores da região também relatavam que não conseguiam chegar aos seus destinos. A polícia restringia acessos.

Na escola estadual João Octávio dos Santos, crianças foram instruídas a se manterem abaixadas após ouvirem sons de disparos, relatou um morador da região. A escola não confirmou o relato.

Durante a operação, a Polícia Militar confirmou um segundo policial baleado às margens de um morro.

A corporação informou que ele foi socorrido, mas sem precisar seu estado de saúde e em qual parte do corpo foi atingido.

Três moradoras do São Bento disseram ter visto viaturas da PM subindo o morro em alta velocidade por volta das 6h15, o que indica que a ação começou logo após a policial militar ter sido baleada.

Os carros subiram pela principal via da comunidade, a avenida São Cristóvão, em direção ao pico do morro.

Era horário de entrada na escola João Octávio dos Santos, que tem alunos do 1º ao 9º ano. A avenida Assunção de Nossa Senhora, que fica em frente à escola, chegou a ficar bloqueada para passagem de carros.

Por volta das 11h, a movimentação de carros do Baep (Batalhão de Ações Especiais) ainda era intenso no local, mas a avenida já não estava mais bloqueada. Ainda há relatos de intenso movimento de policiais até o início da noite.

KLAUS RICHMOND / Folhapress

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