SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Milton Leite, geralmente dono das campanhas mais caras e recordista de votos na cidade, cumpriu a promessa de não tentar se reeleger como vereador. As apostas do dirigente do União Brasil para o cargo, no entanto, lideram com folga o caixa disponível para a corrida eleitoral da capital até agora.
Os três líderes entre as campanhas mais caras são uma pastora ungida pelo mandachuva do partido e dois ex-assessores dele escolhidos como seus herdeiros na Câmara Municipal.
Com mais de 2 milhões de seguidores no Instagram, a pastora Sandra Alves tem a campanha mais rica do país, com R$ 4 milhões recebidos até agora o limite é R$ 4,7 milhões.
Sandra é uma aposta do partido entre os evangélicos por transitar em diversas igrejas. O presidente da Câmara, inclusive, já fez um vídeo dirigido ao eleitorado religioso pedindo votos a ela.
Os outros dois são Silvão e Silvinho, os dois escolhidos por Nunes para sucedê-lo na Câmara Municipal.
Antes das eleições, Silvio Antonio Azevedo, o Silvão, era chefe de gabinete de Leite e presidente da escola de samba Estrela do Terceiro Milênio, do Grajaú (zona sul), da qual o patrão é presidente de honra.
Já Silvio Ricardo Pereira dos Santos, o Silvinho, era chefe de gabinete da Subprefeitura de MBoi Mirim, região onde o patriarca dos Leite nasceu, cresceu e fincou sua base política.
O primeiro já tem R$ 3,6 milhões (dos quais gastou R$ 3 mi) na conta para gastar na campanha, assim como o segundo (com R$ 2,3 mi gastos).
Além do dinheiro que supera, por exemplo, todo o valor arrecadado pelo candidato a prefeito Pablo Marçal (PRTB), eles contam com toda a estrutura da família Leite, que tem base entre escolas de samba, clubes de várzea e empresas de ônibus, entre outros.
Andando pelas ruas da zona sul, já era fácil encontrar faixas com os nomes tanto de Silvinho quanto de Silvão antes do período de campanha eleitoral.
O patriarca da família Leite chegou a colocar seu nome como possibilidade de ser vice de Ricardo Nunes (MDB), mas a hipótese sempre foi vista como remota pelos aliados do prefeito. Afinal, o PL tem o maior tempo de TV e é o partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, cujos eleitores o emedebista tenta seduzir.
Sem candidato próprio a prefeito, o União Brasil tem mais dinheiro que os demais para investir nas campanhas a vereador. Segundo dados da Justiça Eleitoral, as receitas do partido para as campanhas do Legislativo chegam a R$ 37 milhões só na cidade de São Paulo. Para se ter uma ideia, supera com folga o PT (R$ 22,6 milhões), PL (R$ 22,1 milhões) e o MDB de Nunes (R$ 20,4 milhões).
O União Brasil ainda tem mais um colocado entre as 10 campanhas mais ricas da cidade: Zilu Camargo, ex-mulher de Zezé de Camargo, com R$ 1,8 milhão.
Embora seja conhecida mais pelos sites de celebridades, no União Brasil o nome dela é visto como competitivo pelo trabalho relacionado à violência contra mulher.
Logo após de Zilu, está o vereador Rubinho Nunes, acusado de traição por aliados de Nunes, ao anunciar apoio a Pablo Marçal à prefeitura. O União Brasil anunciou paralisação dos repasses de verba para ele, mas a prestação de contas dele mostra que o candidato já tem R$ 1,8 milhão à disposição, parte do União e outra, de doações privadas.
A ideia é passar de 7 para 10 cadeiras no ano que vem, com uma variedade de candidatos que vai de famosos como Zilu a nomes mais radicais, como o ex-deputado estadual bolsonarista Douglas Garcia. A bancada atual tem uma composição em que sua maioria está à centro-direita.
“O União Brasil formou uma chapa representativa de todos os segmentos da sociedade, pois entende que a Câmara deve refletir a ampla diversidade de perfis da nossa população. Tenho certeza de que o União Brasil terá uma bancada forte, unida e coesa em 2025”, afirmou Milton Leite, em nota, enviada à reportagem.
Na lista das campanhas mais ricas, ainda predominam nomes de partidos do centrão paulistano. Da esquerda, só constam no top 10 Luna (PT) e Cláudio Fonseca (PC do B).
Até agora, as campanhas para vereador na capital paulista têm R$ 178 milhões à disposição.
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VEJA AS RECEITAS DA CAMPANHA PARA VEREADOR EM SÃO PAULO
1 – Pastora Sandra Alves Alves (União) – R$ 4 milhões
2 – Silvão Leite (União) – R$ 3,6 mi
3 – Silvinho (União) – R$ 3,6 mi
4 – Dr. Murillo Lima (PP) – R$ 2,8 mi
5 – Edir Sales (PSD) – R$ 2,7 mi
6 – Rodrigo Goulart (PSD) – R$ 2,7 mi
7 – Claudio Fonseca (PC doB) – R$ 2,5 mi
8 – Gabriel Abreu (Podemos) – R$ 2,1 mi
9 – Luna (PT) – R$ 1,8 mi
10 – Zilu Camargo (União) – R$ 1,8 mi
ARTUR RODRIGUES / Folhapress