SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – A escritora Beatriz Bracher, terceira maior doadora da campanha de Tabata Amaral (PSB), é também uma das signatárias do manifesto recém-divulgado por artistas e intelectuais em defesa do voto útil em Guilherme Boulos (PSOL) na disputa pela Prefeitura de São Paulo.
Bracher doou R$ 150 mil à campanha da deputada federal. O valor só aparece atrás das transferências dos empresários Edson Queiroz Neto, herdeiro e executivo do grupo Edson Queiroz, um dos maiores conglomerados empresariais do Brasil, e Guilherme Leal, cofundador da Natura. Cada um doou 200 mil à candidatura de Tabata em 2024.
Apesar da contribuição a Tabata, a escritora assina manifesto que defende frente ampla contra bolsonaristas e voto útil em Boulos. “A frente ampla que impediu Bolsonaro de permanecer no poder [em 2022] precisa se levantar novamente para evitar que este segundo turno de consagração do bolsonarismo aconteça”, diz o documento divulgado na última segunda-feira (30) e assinado por um grupo formado por mais de 150 artistas, intelectuais, juristas e empresários brasileiros, incluindo Bracher.
Uma carta em defesa da candidatura de Tabata foi endossada pelo irmão da autora, o banqueiro Cândido Bracher, que não assina o documento. Um dia depois da divulgação do manifesto favorável ao candidato do PSOL, personalidades lançaram uma carta aberta que pede voto a Tabata e refuta que seja “hora de cálculos de conveniência”. Beatriz e Cândido são filhos de Fernão Bracher, que foi presidente do Banco Central e um dos fundadores do banco BBA.
A escritora é a 21ª maior doadora de campanhas eleitorais em 2024. Conforme dados divulgados pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), só neste ano, ela doou R$ 795 mil a 22 campanhas. O valor foi destinado a diretórios de partidos como PT e Rede, além de candidatos que vão do PSOL ao PSDB. Em 2022, Bracher doou R$ 150 mil à campanha de Lula e ajudou a organizar jantares em favor da sua candidatura à presidência. A reportagem tentou contato com a autora, mas teve não retorno.
O manifesto em defesa do voto em Boulos afirma ser evidente que o psolista é “o candidato que reúne as melhores condições de evitar o desfecho trágico de um segundo turno entre dois bolsonaristas”. O texto continua: “Parte dos signatários deste manifesto tem preferência por outras candidaturas e só votaria em Boulos no segundo turno, mas reconhece que estamos diante de um risco que o país não pode correr”.
Já a carta a favor do voto em Tabata rechaça a estratégia de voto útil. “Neste primeiro turno, não vamos adiar nossos sonhos. Podemos escolher, agora, uma São Paulo melhor. Não é hora de supostos cálculos de conveniência”.
MANUELA RACHED PEREIRA / Folhapress