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Esgrimista que ganhou presente de Chávez brilha no Rio

RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) – A Venezuela conquistou o ouro por equipes no Pan-Americano de Esgrima, no Rio de Janeiro, com o auxílio de um nome especial: Ruben Limardo Gascon, atleta que se tornou herói nacional, ganhou um presente especial de Hugo Chávez e vive um momento de transição na carreira.

Aos 39 anos, Limardo ainda mantém a ternura em subir à pista e duelar com a espada em punho, mas admite já pensar no futuro.

“Estou em um processo de construção entre ser um treinador e ser um gerente esportivo. Mas creio que será difícil deixar a esgrima, ela vai sempre estar na minha vida, no meu caminho, e gosto muito”, conta à reportagem.

Nesta edição do Pan-Americano da modalidade, Gascon foi medalhista de prata no individual de espada —perdeu a final para Tristan Szapary, dos Estados Unidos—, e ouro na disputa por equipes.

“Minha motivação é que eu tenho muito amor e paixão pela esgrima. É um esporte que eu gosto muito, e ainda me animam os resultados, as medalhas. Obviamente, também busco apoiar e motivar a minha equipe, o meu país. Sei que muitos me veem como inspiração, mas o bonito disso, para mim, é que todos se sintam identificados e que possam ser grandes campeões pelo nosso país. A esgrima, para mim, é tudo.”

Ele começou no esporte motivado por um tio materno, no que se tornou um projeto quase familiar — Francisco e Jesus, irmãos de Ruben, também são esgrimistas e integram a seleção. Ruperto Gascón conheceu a esgrima na adolescência, influenciado por um amigo, e se apaixonou pela modalidade que, até então, não tinha tradição alguma no país.

O tio Ruperto tentou ser atleta, mas não conseguiu trilhar o sonhado caminho. Foi cursar faculdade de engenharia na então União Soviética, mas acabou migrando para Educação Física. Encontrou obstáculos para validar o diploma no retorno à Venezuela e chegou a trabalhar como ambulante para se sustentar. Em meio a isso, tornou-se treinador do sobrinho.

“Estamos sempre tentando que a esgrima, na Venezuela, evolua. Mas, falando de nós, acho que a chave do sucesso foi o trabalho em família, porque sempre se põe paixão e dedicação. Não se está pensando se vão pagar ou não, simplesmente foca no objetivo, no resultado, no que você quer alcançar, e essa é a nossa maior satisfação. Quando se ganha uma medalha como a que ganhamos em Londres-2012, toda a família fica muito orgulhosa, porque não foi um trabalho de Ruben Limardo, foi um trabalho de todo um time, de toda a família, para que se alcançasse o triunfo”, contou.

Em 2002, Ruben e Francisco -ao lado de mais um atleta venezuelano— passaram um período treinando na Polônia, onde o tio estava morando após aceitar uma oferta de emprego. Em 2007, ele alcançou o topo do pódio nos Jogos Pan-Americanos do Rio. “É sempre um prazer competir no Brasil, me traz boas recordações. Meu primeiro Pan foi em 2007 e conquistei o ouro. É uma felicidade voltar ao pódio, depois do ano passado, quando não consegui estar no individual”, disse, após a prata, em entrevista à federação internacional.

A medalha nos Jogos Olímpicos de Londres levou orgulho não apenas à família Limardo, mas a todo um país. Ao subir ao topo do pódio, ele tornou-se o primeiro esportista da Venezuela a conquistar uma medalha de ouro em Olimpíadas desde 1968, quando Francisco Rodríguez levou no boxe, na categoria mosca-ligeiro.

Ao retornar ao país natal, Limardo foi recebido pelo então presidente Hugo Chávez e ganhou de presente uma réplica da espada de Simón Bolívar, militar venezuelano que liderou o movimento de independência de países como Venezuela, Colômbia, Equador e Peru, entre outros.

“Está em minha casa. Há dois meses, inclusive, juntei a espada e a medalha de ouro. Para mim, de verdade, é um orgulho levar esta espada, que sabemos que é simbólica, do nosso libertador, de alguém que lutou pelo nosso país e pela liberdade de outros países na América do Sul, que nesta segunda-feira (30) são independentes, livres. E a espada ainda é algo que identifica com a esgrima”, disse.

O triunfo na edição deste ano do Campeonato Pan-Americano de Esgrima tem reflexos na vida esportiva venezuelana. O país celebrou o quarto ouro consecutivo por equipes masculinas na espada, no Rio de Janeiro, cidade onde Ruben conquistou o ouro no Pan de 2007 e viveu a frustração pela eliminação precoce na briga pelo bi olímpico, na Rio-2016.

“Estamos contentes de ganhar novamente, são quatro campeonatos consecutivos. Somos a equipe a ser batida. Cada vez nos fortalecemos mais, buscando evolução para que a equipe da Venezuela se mantenha na elite, e vamos buscar o resultado no Mundial”, completou, depois do ouro por equipes.

ALEXANDRE ARAUJO / Folhapress

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