Espanha lidera parte da Europa ocidental no reconhecimento da Palestina

MADRI, ESPANHA (FOLHAPRESS) – O premiê da Espanha, Pedro Sánchez, deve reconhecer a existência do Estado palestino no próximo dia 21 de maio, segundo relatos da imprensa espanhola com acesso a fontes no governo. Irlanda, Bélgica, Eslovênia, Malta e Noruega devem se somar à lista na mesma data.

É uma novidade para a Europa ocidental, uma vez que a Suécia hoje é exceção nesta região, ao ter reconhecido o Estado palestino há dez anos. O Brasil o fez em 2010. A lista a favor supera os 140 países, mas algumas das nações mais poderosas do mundo não estão nela, como França, Reino Unido e Estados Unidos.

Há três semanas, Washingtonvetou a entrada da Palestina como membro de pleno direito da ONU, uma iniciativa que contou com o apoio de 12 dos 15 países que têm assento no Conselho de Segurança. Nesta sexta, porém, a Assembleia-Geral aprovou uma resolução que dá mais direitos aos palestinos no órgão e revive o plano de se tornarem membros plenos da organização em meio à Guerra Israel-Hamas.

Nesse contexto, Sánchez e a Espanha lideram um movimento de pressão na Europa para que a ONU, enfim, aceite a Palestina. “A Espanha, senhoras e senhores, está preparada para reconhecer o Estado Palestiniano”, afirmou o premiê há algumas semanas.

O movimento incluiu um giro pelo continente, e Sánchez disse ter se reunido com primeiros-ministros de Irlanda, Eslovênia e Malta para acertar uma data em conjunto. “E o farei porque é justo, porque a sociedade o exige, porque é do interesse geopolítico da Europa e porque a comunidade internacional não será capaz de ajudar o Estado palestino se não reconhecer a sua existência.”

Para o especialista em teoria social e política Jesús Gamero Rus, o reconhecimento é importante para “poder proteger a população, embora Israel pareça estar correndo para destruir o território. Talvez estejam acelerando pensando que haverá um reconhecimento da Palestina.”

Segundo ele, o Estado palestino reivindicado não é o do rio ao mar. A frase, que ficou mais popular ao ser entoada em protestos recentes pró-Palestina é uma defesa de que o território palestino se estenda oficialmente do rio Jordão, fronteira entre a Cisjordânia e a Jordânia, até o mar Mediterrâneo –hoje, essa área é, em grande parte, Israel.

“Os palestinos não são ingênuos e sabem que é impossível referir-se a esses territórios”, diz Rus. “Na verdade, o que se reivindica é o estabelecido em antigos acordos, como a Resolução da ONU de 1948 ou o Acordo de Oslo de 1993.”

Para o especialista, até a data escolhida para o possível reconhecimento conjunto é estratégia. O dia 21 é a véspera da data marcara para o início da campanha dos candidatos a assentos no Parlamento Europeu.

“Isso também interessa ao Sánchez porque, bem, diante do seu eleitorado, reconhecer a Palestina vai ser importante. Tudo isso pode mobilizar um pouco mais os eleitores do PSOE em Espanha ou nos outros países”, diz Rus citando o Partido Socialista Operário Espanhol, a legenda do premiê.

Rus afirma ainda que Sánchez conseguiu construir um “perfil de um verdadeiro líder político europeu”, sobretudo desde a saída de Angela Merkel, da Alemanha. “Diante de uma situação tão flagrante, tão injusta, diante dessa situação de genocídio de fato que estamos vendo, Sánchez entendeu que era necessário, pelo menos, seguir em frente”, diz, acrescentando como enxerga a guerra Israel-Hamas.

Ele aponta, no entanto, o que chama de hipocrisia dos espanhóis. “A Espanha continua, por exemplo, com acordos de venda de armas a Israel. Ou seja, são relações muito complexas que não podem ser rompidas radicalmente, porque os interesses à frente e atrás também são muito fortes.”

IVAN FINOTTI / Folhapress

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