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Espetáculo ‘Embrulha ao Vivo’ ri da classe média sem apontar o dedo

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Ao final do espetáculo “Embrulha ao Vivo”, quando recebem o público para sessões de fotos, os atores Marcelo Laham, Maurício de Barros e Willians Mezzacapa percebem a sensação de intimidade com o público criada pela internet, onde o trio mantém o canal “Embrulha Pra Viagem” há dez anos.

Entre uma selfie e outra, os espectadores conversam com os artistas como se eles fossem velhos conhecidos. “Eu te falei que vinha”, disse um deles em bate-papo recente. “Valeu, Burrão”, gritou outro, no final de uma apresentação, em uma saudação a um dos personagens das esquetes cômicas que fazem sucesso no Youtube e nos palcos.

Dois vídeos semanais de humor, cortes que viralizam e o contato direto nas redes sociais abastecem o relacionamento dos artistas com a plateia. As esquetes, produzidas para o canal com 1,1 milhão de inscritos, chegaram ao teatro há um ano.

O grupo está em cartaz, toda terça-feira, no Teatro Santo Agostinho, no bairro da Liberdade, em São Paulo, com um espetáculo baseado no humor do cotidiano, na interação leve com o público e em trocas rápidas de personagens —eles perderam as contas de quantas perucas usam para as caracterizações.

Laham, Barros e Mezzacapa escrevem, dirigem e atuam na peça, assim como fazem na produção dos vídeos do canal. Eles também vendem conteúdos para empresas e entrevistam personalidades do mundo artístico no podcast “Embrulha Sem Roteiro”.

A ideia de virarem empreendedores da arte surgiu em 2015, quando conviviam no elenco de “Cais ou da Indiferença das Embarcações”, da Velha Companhia, um sucesso na cena teatral paulistana. A inspiração, não negam, é da produtora Porta dos Fundos.

O cenário incerto para atores, que ora trabalham, ora ficam desempregados, motivou os amigos a criarem a sociedade, baseada em muitos debates, votações democráticas sobre os rumos do grupo e na decisão de sobreviver às desavenças. Além dos atores, o “Embrulha” tem o fotógrafo e cinegrafista Phillip Silveira como quarto sócio.

“O mercado é muito ingrato e está cada vez mais assim. Eu fico muito assustado”, afirma Laham. Ao criarem uma rotina de roteiro, produção e direção, eles garantem um protagonismo nem sempre possível nas peças teatrais e produtos audiovisuais em que continuam atuando.

“Podemos ser talentosos, mas o que nos deixa no mercado e na profissão é a vocação, a persistência”, afirma Barros.

A ideia de levar as esquetes para o teatro surgiu como uma forma de expansão do trabalho realizado na internet e também de garantir um contato mais próximo com o público. Além das terças em São Paulo, o espetáculo viaja para outras cidades nos finais de semana.

Os atores falam sem melindre sobre o fato de pensarem nos vídeos e na peça como produtos que precisam ter retorno financeiro e citam Fernanda Montenegro, Tônia Carrero, Maria Della Costa e Ruth Escobar como artistas que foram também empresárias e construíram suas carreiras.

No espetáculo, personagens cômicos são apresentados em 16 esquetes, durante uma hora e meia. Entre eles estão o falso zen, o homem assustado com o sócio criminoso, o robô desatualizado, as matriarcas que assistem à novela falando sem parar, os amigos em processo de desconstrução, o pai de família que não vê a hora de a van levar os filhos para a escola e Burrão, personagem que Barros criou depois da pandemia e que faz grande sucesso na internet.

Heterossexuais e brancos, os atores levam para o palco o desconcerto de homens acima dos 50 anos que precisam aprender a lidar com as demandas contemporâneas —e ainda escorregam nos preconceitos, no machismo e na homofobia.

“Olhamos e pensamos —o que temos para falar sobre isso? E, ao mesmo tempo, temos um cuidado para não falar apenas com os convertidos, só com quem pensa igual. O legal do artista é ser popular”, diz Mezzacapa.

“Somos três caras da classe média. E realmente a nossa crítica é sobre a classe média e o nosso dia a dia. Falamos do cotidiano, do cara endividado. Acho que essa é a identificação que a plateia tem com a gente”, analisa Barros.

EMBRULHA AO VIVO

– Quando Terças-feiras, às 20h30

– Onde Teatro Santo Agostinho – r. Apeninos, 118, São Paulo

– Preço De R$ 50 a R$ 100

– Autoria Marcelo Laham, Maurício de Barros e Willians Mezzacapa

– Elenco Marcelo Laham, Maurício de Barros e Willians Mezzacapa

– Direção Marcelo Laham, Maurício de Barros e Willians Mezzacapa

– Link: https://www.ingresso.com/evento/embrulha-ao-vivo-burrao-e-sua-turma-no-teatro

CRISTINA CAMARGO / Folhapress

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