SALVADOR, BA (FOLHAPRESS) – A psicopedagoga Onélia Santana, esposa do ministro da Educação, Camilo Santana (PT), será oficializada pela Assembleia Legislativa do Ceará como candidata a uma vaga de conselheira do TCE (Tribunal de Contas do Estado).
Onélia é secretária estadual de Proteção Social desde abril de 2022. Foi nomeada para o cargo pela então governadora Izolda Cela (PDT) e mantida pelo atual governador Elmano de Freitas (PT). Ambos são aliados de Camilo Santana, que governou o Ceará de 2015 a 2022.
A candidatura à vaga deve ser oficializada nesta terça-feira (10) pela Assembleia. Caso a indicação seja referendada pelos deputados estaduais, Onélia Santana ocupará um cargo vitalício, com aposentadoria compulsória aos 75 anos, e terá remuneração mensal de R$ 39,7 mil.
Outros quatro ministros do governo Lula (PT) têm suas respectivas mulheres nomeadas conselheiras em tribunais de contas estaduais. São eles os ministros Rui Costa (Casa Civil), Renan Filho (Transportes), Waldez Góes (Integração Nacional) e Wellington Dias (Desenvolvimento Social).
A vaga no TCE do Ceará foi aberta em junho após a morte do conselheiro Alexandre Figueiredo. A vacância do cargo foi declarada oficialmente pela Assembleia na semana passada, dando início ao processo de escolha do novo conselheiro.
Onélia Santana é graduada em letras pela Universidade Regional do Cariri, psicopedagoga clínica e concluiu em 2023 o doutorado em ciências da saúde pela Faculdade de Medicina do ABC, em São Paulo. Foi primeira-dama do Ceará e secretária municipal de Assistência Social em Juazeiro do Norte.
A ex-primeira-dama deve ser o nome de consenso da base aliada do governador Elmano de Freitas -ao menos 38 dos 46 deputados estaduais assinaram nesta terça-feira o documento que protocola a candidatura. A expectativa é de uma candidatura única.
Há uma articulação em curso para que a escolha seja concretizada até 19 de dezembro, antes do início do recesso parlamentar. A sabatina foi marcada para esta quinta-feira (12).
A candidatura foi referendada nesta terça-feira (10) em uma reunião convocada pelo deputado estadual Romeu Aldigueri (PDT), líder do governo Elmano de Freitas.
O clima na base é de pacificação semanas após uma crise que incluiu ameaças de rompimento do grupo liderado pelo senador Cid Gomes (PSB).
A fervura baixou após o deputado Fernando Santana (PT) recuar e desistir de ser candidato à presidência da Assembleia. Romeu Aldigueri, próximo a Cid Gomes e com bom trânsito com o governador, foi eleito para o cargo e vai comandar a Legislativo estadual a partir de 2025.
Parentes de governadores ou ex-governadores foram nomeados para vagas em Tribunais de Contas em ao menos sete estados desde 2022. Em parte dos estados, as nomeações foram questionadas na Justiça.
Galeria Este é Camilo Santana O agora ministro da Educação foi eleito senador, governador e deputado estadual pelo Ceará https://fotografia.folha.uol.com.br/galerias/nova/29749-camilo-santana *** Foi o caso de Marília Góes, esposa do ministro da Integração Waldez Góes (PDT), indicada para o cargo de conselheira do TCE do Amapá em 2022, quando o marido ainda era governador. A posse chegou a ser suspensa pela Justiça, mas a decisão foi posteriormente revertida.
Renata Calheiros, mulher do ministro dos Transportes Renan Filho (MDB), foi eleita conselheira em Alagoas em dezembro de 2022. No cargo, se tornou uma das responsáveis por julgar as contas do governador Paulo Dantas (MDB), aliado de seu marido.
Em janeiro de 2023, a deputada federal Rejane Dias, mulher do ministro do Desenvolvimento Social Wellington Dias (PT), seguiu o mesmo caminho e foi indicada pela Assembleia para uma cadeira no TCE do Piauí.
Dois meses depois, a enfermeira Aline Peixoto, esposa do ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa (PT), foi eleita conselheira no Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia. O órgão tem como função analisar as contas dos prefeitos dos municípios baianos.
No mesmo mês, foi a vez de Daniela Barbalho, mulher do governador do Pará Helder Barbalho (MDB), ser eleita conselheira do TCE paraense. A escolha foi alvo de representação na Justiça, mas a primeira-dama foi empossada.
Na mesma época, Daniel Brandão, sobrinho do governador do Maranhão, Carlos Brandão (PSB), se tornou conselheiro do TCE, dando início a uma guerra judicial em torno da escolha.
Em maio de 2023, Simone Denarium, primeira-dama de Roraima, foi eleita conselheira do TCE e passou a ser uma das responsáveis por fiscalizar as contas do governo local, comandado pelo marido, Antonio Denarium (PP).
JOÃO PEDRO PITOMBO / Folhapress