SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Uma animação feita pela Guarda Costeira dos Estados Unidos mostra as últimas mensagens trocadas entre o navio Polar Prince e o submersível Titan, da OceanGate, que implodiu em junho de 2023. Pouco antes do acidente, quando a embarcação já estava a quase 2.500 metros de profundidade, um dos ocupantes disse estar “tudo bem aqui”.
Titan e navio trocaram mensagens durante a submersão. A maioria dos textos usa códigos, como “a”, que significa “recebi sua última mensagem”, e “aa” (abreviação informal do código Morse para “fim da linha”). As duas partes também utilizaram a letra “k” para confirmar que os respectivos sistemas de comunicação estavam funcionando normalmente.
Submersível chegou a ficar 15 minutos sem responder. Às 9h53, o Polar Prince enviou a primeira mensagem perguntando se o Titan conseguia localizá-lo em seu sistema de comunicação. Sem resposta, o navio repetiu a pergunta diversas vezes. O retorno do Titan ”k” só veio 15 minutos depois, às 10h08 (veja abaixo).
Polar Prince cobrou retornos melhores do Titan. O submersível, então, justificou a demora na resposta dizendo que havia “perdido” o sistema e as configurações do chat com o navio de apoio. Depois, PH que, acredita-se, era Paul-Henry Nargeolet, considerado um dos maiores especialistas do naufrágio do Titanic escreveu: “Está tudo bem aqui”.
Última mensagem foi enviada pelo Titan às 10h47. A embarcação avisou ao Polar Prince que havia jogado fora dois pesos de queda uma prática adotada em submersíveis para torná-los mais leves e, assim, ajudar no controle da flutuabilidade e no processo de descida e subida, por exemplo. Naquele momento, o Titan estava a uma profundidade de pouco mais de 3.300 metros.
INQUÉRITO
Começou nesta segunda-feira (16) o inquérito que investiga as causas da implosão. As autoridades vão analisar questões prévias ao acidente, examinar dados e ouvir testemunhas por duas semanas. Jason Neubauer, presidente do Conselho de Investigação Marinha dos EUA, disse que o objetivo é fornecer recomendações de segurança necessárias para que “nenhuma família passe por uma perda como esta novamente”.
Audiência vai determinar a dimensão de uma eventual negligência. Durante o processo, serão analisados eventos prévios ao acidente, a conformidade do Titan á regulamentação, as qualificações da tripulação, os sistemas mecânicos e estruturais e a resposta à emergência, segundo a Guarda Costeira. Se a investigação identificar algum crime, o caso será encaminhado ao Departamento de Justiça.
Engenheiros e executivos da OceanGate vão ser ouvidos. Entre os convidados, estão o cofundador da empresa, Guillermo Söhnlein. Após a implosão, ele defendeu o presidente da OceanGate, Stockton Rush, morto no acidente. “Sempre fomos muito transparentes com qualquer pessoa que fosse se juntar a nós nas expedições sobre os riscos envolvidos”, disse Söhnlein, que deixou a empresa em 2013.
O ex-diretor de engenharia da OceanGate, Tony Nissen, disse na audiência que se negou a pilotar o submersível após pedido de Stockton Rush, CEO da empresa. Nissen relatou que se sentiu pressionado a preparar o Titan para o início das operações. “Eu não vou entrar nisso”, teria relatado o ex-diretor a Rush.
Especialistas já apontaram fatores que podem ter levado à implosão. Entre eles, de acordo com a NBC News, estão o fato de que o submersível foi feito com materiais experimentais, como fibra de carbono, que ainda não foi testada em profundidades extremas. Vale lembrar que os destroços do Titanic estão a cerca de 4 km da superfície do mar.
CASO TITAN
Submersível Titan implodiu em junho de 2023. O anúncio foi feito no dia 22 daquele mês pela OceanGate, responsável pelo submersível, que também admitiu a morte dos cinco ocupantes. O comunicado foi divulgado minutos antes de uma entrevista coletiva da Marinha americana, logo após os familiares das vítimas terem sido informados. O Titan havia submergido quatro dias antes, em 18 de junho.
Guarda Costeira encontrou cinco grandes partes do Titan. “Primeiro, encontramos a ponteira sem o casco pressurizado. Essa foi a primeira indicação de que houve um evento catastrófico”, explicou o contra-almirante John Mauger à época. Pouco antes, no mesmo dia, partes do submersível haviam sido encontradas a 3,2 km de profundidade e a cerca de 480 metros do Titanic.
Um piloto e quatro passageiros faziam parte da expedição. São eles: Stockton Rush, presidente da OceanGate; o bilionário Hamish Harding; Shahzada e Suleman Dawood, um empresário paquistanês e seu filho; e Paul-Henry Nargeolet, ex-comandante da Marinha Francesa e considerado um dos maiores especialistas do naufrágio do Titanic.
Redação / Folhapress