RIBEIRÃO PRETO, SP (FOLHAPRESS) – O segundo turno das eleições municipais ainda não aconteceu, mas já é possível afirmar que partidos da direita, especialmente o PL do ex-presidente Jair Bolsonaro, mostram força nas cidades paulistas que conhecerão seus novos prefeitos neste domingo (27), enquanto partidos da esquerda estão escanteados na disputa.
Além da capital, onde o prefeito Ricardo Nunes (MDB) busca a reeleição contra Guilherme Boulos (PSOL), outros 17 municípios da Grande São Paulo, do interior e do litoral paulista decidirão seus futuros governantes, em disputas que também têm como ingredientes o PSD de Gilberto Kassab tentando obter sua maior vitória no estado e o Novo buscando conquistar pela primeira vez uma prefeitura paulista.
Nessas 17 cidades, o PL está em seis segundos turnos neste domingo. Outros quatro partidos Podemos, Republicanos, MDB e União Brasil, nenhum de esquerda, tentam chegar às prefeituras de quatro municípios.
Partido do presidente Lula, o PT está em três disputas neste domingo, assim como o PSD de Gilberto Kassab. O Novo está no turno final em duas cidades, enquanto Solidariedade, Cidadania, PSDB e PP tentam governar uma cidade cada.
A disputa em segundo turno era possível em somente 30 dos 645 municípios paulistas, por possuírem mais de 200 mil eleitores, condição estabelecida pela Constituição para que a eleição possa ter uma segunda fase caso nenhum dos concorrentes ao cargo de prefeito obtenha mais de 50% dos votos válidos (excluídos os brancos e nulos).
Em 12 delas, porém, a eleição se encerrou ainda no primeiro turno. Já Guarulhos, São Bernardo do Campo, Ribeirão Preto, São José dos Campos, São José do Rio Preto, Jundiaí, Piracicaba, Santos, Mauá, Diadema, Franca, Barueri, Taubaté, Limeira, Guarujá, Sumaré e Taboão da Serra conhecerão neste domingo seus novos governantes.
Há apenas uma mulher entre os 34 políticos que disputam o segundo turno, Rosana Valle (PL), em Santos, que enfrenta o candidato à reeleição, Rogério Santos (Republicanos).
O partido de Bolsonaro tenta eleger prefeitos também em Guarulhos, São José dos Campos, São José do Rio Preto, Jundiaí e Franca. Em Guarulhos, segundo município mais populoso do estado, Lucas Sanches (PL) terminou à frente no primeiro turno e enfrenta Elói Pietá (Solidariedade).
Candidatos do PL também terminaram o primeiro turno à frente dos adversários em São José do Rio Preto e Jundiaí.
Uma das batalhas políticas em que o partido está é contra o PSD de Kassab em São José dos Campos. O atual prefeito, Anderson Farias (PSD), enfrenta seu ex-aliado Eduardo Cury (PL) neste domingo.
A eleição em São José dos Campos é emblemática por opor diretamente candidatos apoiados por Kassab e por Bolsonaro. Secretário de Governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos) em São Paulo, Kassab e seu partido se tornaram alvo preferencial de ofensivas do PL, já que ambos queriam se consolidar como a legenda com maior número de prefeituras nas eleições de 2024.
Ex-prefeito e ex-deputado federal, Cury teve Anderson como secretário na prefeitura e assessor na Câmara dos Deputados, mas a antiga proximidade não impediu a troca de ataques nesta campanha, especialmente no segundo turno.
Além de Kassab, Anderson é apoiado pelo vice-governador paulista, Felicio Ramuth (PSD), que foi eleito prefeito em 2020 e renunciou para ir para o governo estadual. Ex-PSDB, Cury, por sua vez, contou na campanha com o apoio do ex-presidente e de políticos ligados a Bolsonaro.
No primeiro turno, o PSD de Kassab conquistou 195 das 645 prefeituras do estado, mas nenhuma cidade tão populosa como São José ou Ribeirão Preto, onde está na disputa com o deputado federal Ricardo Silva.
Em sua segunda tentativa de chegar à prefeitura a primeira foi em 2016, Ricardo enfrenta o empresário Marco Aurélio Martins, do Novo, legenda que busca uma inédita vitória em prefeituras de São Paulo.
Em toda a campanha, o deputado federal colou a imagem na de Tarcísio, que o apoiou em vídeos, enquanto Marco Aurélio teve como cabo eleitoral o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e nomes como o ex-procurador Deltan Dallagnol, que esteve na cidade nos últimos dias para participar da campanha.
Além de Ribeirão Preto que será a maior vitória do PSD ou do Novo no estado, o partido de Zema está no segundo turno em Taubaté, com o ex-deputado estadual Sergio Victor, que enfrenta Ortiz Junior (Republicanos).
Enquanto isso, o PT do presidente Lula naufragou nas urnas no primeiro turno em cidades do interior. Não elegeu prefeitos em Araraquara e São Carlos o que o partido esperava que ocorresse e, neste segundo turno, só está em duas disputas na Grande São Paulo (Mauá e Diadema) e em uma no interior (Sumaré). Terminou o turno inicial à frente em Mauá.
Em São Bernardo do Campo, domicílio eleitoral de Lula, Marcelo Lima (Podemos) e Alex Manente (Cidadania) disputarão a eleição deste domingo.
O petista Luiz Fernando Teixeira Ferreira ficou na terceira colocação no primeiro turno, com 23,09% dos votos válidos, 3,44 pontos percentuais atrás de Manente, que avançou como o segundo mais votado.
Já o PSDB, de passado hegemônico na disputa em prefeituras paulistas, está no segundo turno somente em Piracicaba, com o ex-ministro da Saúde e ex-prefeito Barjas Negri. Entre as cidades mais populosas, venceu somente em Santo André no primeiro turno, com Gilvan Ferreira de Souza Junior.
O segundo turno deste ano em São Paulo registrou um ligeiro crescimento no total de municípios em disputa em comparação com a eleição de quatro anos atrás, quando 16 cidades precisaram do segundo turno para definir seus prefeitos.
O aumento de localidades, porém, coincide com o total de municípios em que era possível ter segundo turno nas duas eleições.
Em 2020, 28 cidades estavam aptas a ter um turno final, duas a menos que neste ano. Embu das Artes, na região metropolitana de São Paulo, e Sumaré, na região metropolitana de Campinas, passaram a ter mais de 200 mil eleitores.
Para a próxima eleição municipal, em 2028, o número de municípios aptos a ter segundo turno deverá crescer. São Carlos, na região central do estado, ficou a somente 2.472 eleitores de ultrapassar a barreira dos 200 mil necessários na eleição deste ano.
MARCELO TOLEDO / Folhapress