SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A greve iniciada pelo déficit de professores na USP (Universidade de São Paulo) continua. Em assembleia na noite desta quarta-feira (11), maioria dos estudantes decidiu manter a paralisação ao menos até o fim da próxima semana.
“Não é o fim da luta. Mostramos nossa força e continuaremos firmes”, diz Davi Bonfim, 24, um dos líderes da mobilização. “Parabéns a todos”, continua.
O movimento foi iniciado por alunos da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas) e alcançou demais unidades na cidade de São Paulo. Em algumas unidades, foram registrados piquetes e tentativas de impedir a realização das aulas.
De início, a reitoria recusou-se a negociar com os grevistas, mas no último dia 4 ela apresentou uma lista de propostas. A principal seria a contratação de 148 professores temporários, a serem distribuídos aos cursos mais necessitados até o fim deste ano.
A oferta dividiu os alunos. Debates tomaram os centros acadêmicos. Nesta semana, Poli (Escola Politécnica) e FEA (Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária) foram os primeiros a abandonar a paralisação. Os alunos da Faculdade de Direito, no largo de São Francisco, também encerraram a greve.
Os professores também aprovaram o fim da paralisação. Porém, reafirmaram apoio ao movimento estudantil e decidiram que a mobilização continuará, por exemplo, com a divulgação de dados sobre a perda de professores na universidade.
A Folha de S.Paulo mostrou que a USP ampliou, nas últimas duas décadas, o número de estudantes matriculados sem garantir o mesmo ritmo na contratação de professores. Assim, a proporção de docente por aluno diminuiu 28% no período.
O reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Júnior, reconheceu que a admissão de docentes para universidade tem sido muito lenta.
“Reconhecemos que a contratação, baseada nas 879 vagas já distribuídas às unidades, tem sido muito lenta, por diversos fatores, incluindo a legislação para a contratação de servidores públicos”, disse ele em um vídeo divulgado à comunidade acadêmica.
A reitoria da USP disse que não haverá represália política aos estudantes envolvidos nas mobilizações. Entretanto, afirmou que não pode impedir medidas administrativas e processuais no caso de danos ao patrimônio. Na ECA (Escola de Comunicação e Artes), por exemplo, grades foram derrubadas.
BRUNO LUCCA / Folhapress