EUA abrem investigação sobre o Boeing 737 Max 9

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A FAA (Administração Federal de Aviação) dos Estados Unidos abriu uma investigação formal nesta quinta (11) sobre o mais novo problema envolvendo o Boeing 737 Max, modelo responsável por três quartos da carteiras de pedido da segunda maior fabricante de aviões do mundo.

O órgão regulador quer saber por que o painel da fuselagem de um Max 9 da companhia americana Alaska Airlines caiu em pleno voo, na sexta passada (5), provocando uma forte despressurização que poderia ter causado mortes entre os 171 passageiros e 6 tripulantes a bordo.

O caso estava sendo investigado desde o primeiro dia, mas a abertura do procedimento sinaliza uma apuração mais longa e detalhada, não solucionada apenas por recomendações de correções. Com isso, a frota de 171 Max 9 dos EUA, e por consequência todos os 217 em operação no mundo, deverá ficar no chão por mais tempo.

Tudo isso é má notícia para a americana Boeing, que tem buscado dar uma resposta rápida à crise, em oposição às protelações e meias palavas que marcaram a grande crise envolvendo o Max, no caso modelo 8, logo após sua introdução em serviço, em 2017.

Dois acidentes causados por um problema de desenho e software do modelo, o maior best-seller da história da empresa em encomendas, levaram a 20 meses de proibição de voo. Na sequência, em 2020, a pandemia de Covid-19 terminou o serviço de derrubar o valor de mercado da Boeing -até hoje, sua ação vale metade do que valia antes das duas crises.

Em nota, a FAA disse que o acidente com o painel, chamado de plugue de porta por tapar o espaço de uma saída que é usada em aviões que operam rotas com mais procura, logo mais passageiros em fileiras espremidas no seu interior, “nunca deveria ter ocorrido e nunca deverá ocorrer de novo”.

A apuração vai “determinar se a Boeing falhou em garantir produtos completos conforme seu desenho aprovado”, diz o órgão, citando a descoberta de “discrepâncias adicionais”.

Elas vieram na forma de parafusos soltos encontrados em outros Max 9 da Alaska e da United, nos ditos painéis. “Nós vamos cooperar totalmente e de forma transparente com a FAA e com o NTSB (Conselho Nacional de Segurança nos Transportes, que apura acidentes)”, afirmou a Boeing.

Com a apuração, as ações da fabricante caíram 1,2%. A empresa vinha em uma recuperação após a crise do Max e da Covid, acrescida por problemas com qualidade de fabricação do modelo 787 que pararam sua produção por meses.

No ano passado, registrou 528 vendas de aeronaves, aproximando-se das 720 de sua arquirrival europeia, o consórcio Airbus. O problema mais sério é de reputação: o modelo 9 responde por apenas 103 pedidos entre os 4.256 da família 737 Max -capitaneada pelo 8 e que tem o 7 e o 10 à espera de aprovação regulatória.

Dave Calhoun, afirmou na quarta (10) que havia um claro problema de “escape de qualidade” no caso do acidente. A empresa está checando também os procedimentos da fabricante das partes envolvidas no caso, a Spirit AeroSystems -cujas ações caíram mais 2,3% nesta quinta.

O tempo da frota em solo é uma incógnita, mas o precedente mais grave de 2018 sugere que pode levar tempo até a liberação, apesar de o problema aparentemente ser de solução mais simples: apertar parafusos.

Seja como for, quem estava a bordo do avião na sexta teve sorte. As duas poltronas imediatamente ao lado do buraco na fuselagem estavam vazias, então ninguém foi jogado para fora da aeronave, como ocorreu em 1997 com um passageiro de um Fokker-100 da antiga TAM.

Também concorreu para o final feliz o fato de que o avião estava em subida, a 4.800 metros de altitude. Quanto mais alto, e aeronaves voam a mais do que o dobro disso quando estão em cruzeiro, menor a pressão externa do ar e maior o efeito de uma despressurização, com riscos estruturais inclusive à fuselagem.

O Max 9 não é operado pela Gol, a operadora de aviões da Boeing no Brasil. O avião era usado em rotas pela Copa Airlines no país, mas a empresa também aterrou sua frota. Em regra geral, decisões da FAA são seguidas no mundo todo.

IGOR GIELOW / Folhapress

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