SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Os Estados Unidos realizaram nesta sexta-feira (2) uma série de ataques militares contra grupos ligados ao Irã em locais no Iraque e na Síria, de acordo com funcionários da Defesa e do Exército americano. As ofensivas contribuem para aumentar a temperatura no Oriente Médio em meio aos temores de regionalização da Guerra Israel-Hamas.
Os incidentes são, ao que tudo indica, a resposta que o presidente dos EUA, Joe Biden, havia prometido para um ataque de drone a uma base militar americana na Jordânia que deixou três mortos e feriu pelo menos outros 40 funcionários no sábado (27). Foi a primeira vez em que um episódio do tipo matou militares americanos desde o início do conflito na Faixa de Gaza.
“Nossa resposta começou hoje. Ela continuará nos lugares e na hora que nós escolhermos”, afirmou Biden em comunicado. “Os EUA não buscam conflito no Oriente Médio ou em nenhum lugar do mundo. Mas fica o recado para todos os que tentarem nos atingir: se você ferir um americano, nós responderemos”, diz o texto.
De acordo com as Forças Armadas dos EUA, na ofensiva foram utilizadas mais de 125 munições de precisão, e cerca de 85 alvos foram atingidos. Ainda segundo os militares, os bombardeios acertaram centros de inteligência, de comando e de controle de operações não só de prepostos iranianos como da força Quds, elite da Guarda Revolucionária do Irã. Destruíram também foguetes, mísseis e depósitos de veículos e munições.
A mídia estatal síria, que classificou o episódio de “agressão americana”, afirmou apenas que ele deixou mortos e feridos em áreas de deserto na fronteira do país com o Iraque, sem precisar um número de óbitos ou de alvos atingidos.
“Os bombardeios são uma violação da soberania iraquiana, minam esforços do governo e são uma ameaça que pode levar o Iraque e a região a terríveis consequências” afirmou Yahya Rasool, porta-voz militar da administração de Bagdá.
Minutos depois da fala do iraquiano, o porta-voz de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, disse a repórteres que os EUA tinham informado o governo iraquiano sobre a ofensiva.
A ação americana desta sexta busca enviar uma mensagem ao Irã e às milícias apoiadas pelo país de que ataques contínuos às tropas americanas na região e a navios no mar Vermelho terão resposta. Teerã negou participação na ofensiva que provocou a morte dos soldados americanos no domingo.
Biden aprovou os ataques retaliatórios, disseram autoridades dos EUA. Ele havia indicado que eles estavam por vir quando disse a repórteres na terça-feira (30) que havia tomado uma decisão sobre a resposta ao ataque na Jordânia.
O presidente americano e seus principais assessores têm relutado em tomar medidas que possam levar os EUA a uma guerra mais ampla na região, já extremamente instável desde o Hamas atacou Israel no dia 7 de outubro. A Casa Branca não quer, em particular, que a guerra por procuração contra o Irã em curso se torne um conflito mais significativo entre Washington em Teerã.
Autoridades do governo disseram que Biden teve pouca escolha a não ser retaliar depois que o ataque na Jordânia matou os três soldados americanos, especialmente porque suas mortes ocorreram em meio a uma série constante de outras ofensivas de grupos apoiados pelo Irã, como os houthis no Iêmen e o Kataib Hezbollah no Iraque.
Na quarta-feira (31), Teerã havia prometido responder a qualquer ameaça contra o país feita pelos EUA após a morte dos soldados americanos.
“Estamos ouvindo por aí ameaças vindas de autoridades dos EUA. Respondemos a elas dizendo que os americanos já nos testaram, e agora já nos conhecemos. Nenhuma ameaça ficará sem resposta”, afirmou na ocasião o chefe da Guarda Revolucionária iraniana, Hossein Salami, segundo a agência de notícias Tasnim.
Redação / Folhapress