SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O governo dos Estados Unidos anunciou nesta segunda (6) o envio para Omã de 11 pessoas que estavam presas em Guantánamo. Segundo o Pentágono, os ex-prisioneiros, todos nascidos no Iêmen, poderão recomeçar suas vidas. A medida diminui para 15 o número de detentos na base localizada em Cuba.
Nenhum dos homens libertados foi acusado de crimes durante as duas décadas que permaneceram em Guantánamo, de acordo com o jornal The New York Times. Organizações apontam violações de direitos humanos na prisão, e a iniciativa é mais um esforço do governo de Joe Biden para encerrar as atividades no local -em 2021, quando o democrata tomou posse, 40 homens estavam detidos na base.
Os homens foram libertados e embarcaram rumo a Omã em uma operação secreta na madrugada desta segunda. Entre os contemplados está Moath al-Alwi, que ganhou notoriedade ao fazer greves de fome e produzir miniaturas de embarcações que chegaram a ser expostas em uma universidade de Nova York.
A libertação estava sendo planejada havia três anos, ainda segundo o New York Times. Um plano para realizar a transferência dos detentos em outubro de 2023 chegou a ser elaborado, mas a iniciativa foi paralisada pela oposição ao governo no Congresso. Desta vez, Washington contou com o apoio de Omã, que se comprometeu a receber os homens. Detalhes das negociações não foram divulgados.
“Os Estados Unidos apreciam a disposição do governo de Omã e de outros parceiros em apoiar os esforços contínuos dos EUA focados em reduzir de forma responsável a população de detentos e, finalmente, fechar a instalação da Baía de Guantánamo”, disseram os militares dos EUA em comunicado.
O Omã é um dos maiores aliados dos EUA no Oriente Médio. Segundo autoridades, o país tem um programa “bem completo” e projetado para ajudar os iemenitas a retornar à sociedade.
Por lei, o governo americano não pode repatriar prisioneiros ao Iêmen porque o país está desde 2014 mergulhado em guerra civil e, portanto, é considerado instável para reabilitação de ex-detentos.
O atual presidente americano, Joe Biden, prometeu antes de ser eleito, em 2020, que fecharia Guantánamo. A poucos dias para a posse de Donald Trump, em 20 de janeiro, no entanto, a prisão de segurança máxima continua em operação.
Nos últimos meses, outros detentos foram soltos. Em julho, o Departamento de Defesa americano anunciou que chegou a um acordo com três homens acusados pelo atentado terrorista de 11 de Setembro, encerrando um processo que se arrastava havia mais de 12 anos em uma comissão militar em Guantánamo.
Os réus aceitaram admitir serem culpados por conspiração em troca de uma sentença de prisão perpétua. Se fossem a julgamento, poderiam receber a pena de morte. As conversas em torno da possibilidade de um acordo avançaram durante o governo Biden.
A Folha de S.Paulo esteve na base militar no início de 2024, quando acompanhou o testemunho do psicólogo James Mitchell, apontado como uma das mentes por trás das chamadas “técnicas avançadas de interrogatório” usadas pela CIA em prisões secretas pelo mundo, conhecidas como “black sites”, nos primeiros anos da Guerra ao Terror iniciada após o 11/9.
Advogados envolvidos com os casos de Guantánamo tinham a expectativa de que as negociações em torno de novos acordos poderiam ser retomadas após a eleição presidencial, em novembro, uma vez que seria politicamente espinhoso para Biden anunciar uma negociação do tipo enquanto disputava a reeleição.
O atual presidente, porém, retirou-se da corrida e foi substituído por Kamala Harris, que acabou derrotada por Trump.
Redação / Folhapress