EUA executam homem negro apesar de novas provas indicando sua inocência

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Khalil Divine Black Sun Allah, um homem negro de 46 anos também conhecido como Freddie Owens, foi executado por injeção letal nesta sexta-feira (20) na Carolina do Sul, nos Estados Unidos, apesar do surgimento de novas provas que indicariam sua inocência. Ele foi a primeira pessoa a sofrer a pena de morte em 13 anos no estado.

Allah, que mudou de nome em 2015 após se converter ao Islamismo na cadeia, estava preso desde 1997 após ser acusado de matar uma funcionária de uma loja de conveniência durante um assalto em novembro daquele ano. Na época, Allah tinha 19 anos –ele sempre afirmou ser inocente. A funcionária, Irene Graves, tinha três filhos e foi morta com um tiro na cabeça.

A Promotoria não tinha nenhuma evidência física que ligasse Allah ao assalto e à morte de Irene. Uma câmera de segurança capturou imagens de dois homens encapuzados com armas na loja de conveniência, mas eles não podiam ser identificados.

Dessa forma, Allah foi condenado com base no depoimento de uma única testemunha: o amigo e suposto cúmplice de Allah, Steven Golden, que também foi acusado de roubo e homicídio. Na época com 18 anos de idade, Golden se declarou culpado desses crimes em troca de um acordo com a Justiça no qual serviu de testemunha contra Allah.

Entretanto, na última quarta-feira (18), Golden emitiu um comunicado recuando da acusação, dizendo que Allah não foi culpado pelo crime e nem sequer estava presente durante o assalto. De acordo com a nota, Golden afirmou que estava sob influência de drogas quando foi interrogado pela polícia e que foi pressionado a acusar Allah pelo crime.

“Eu substitui [Allah] pela pessoa que realmente estava comigo”, escreveu Golden, explicando que fez isso por medo de que poderia ser morto pelo real culpado, a quem não identificou. Disse ainda que concordou com confessar e acusar Allah em troca de uma garantia da Promotoria de que não receberia a pena de morte nem prisão perpétua –a existência desse acordo não foi revelada ao júri que condenou Allah na época.

“Não quero que [Allah] seja executado por algo que não fez. Isso tem pesado na minha cabeça e quero ter uma consciência limpa”, escreveu Golden.

Mas o procurador-geral da Carolina do Sul, Alan Wilson, disse que a mudança de versão de Golden não era confiável e não justificava um novo julgamento ou um adiamento da execução de Allah. Ele citou outras supostas provas da sua culpa, como o fato de que Allah teria confessado o assassinato à sua então namorada e à sua mãe. A defesa de Allah, por sua vez, diz que as duas foram pressionadas pela polícia a fazer essas declarações.

A Suprema Corte estadual acatou o argumento de Wilson. A corte disse que a nova posição de Golden não representava “circunstâncias excepcionais” que justificassem o adiamento da execução. Allah morreu às 6h55 da tarde, horário local, em uma execução presenciada pela imprensa local e por seu advogado.

Redação / Folhapress

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