EUA interceptam bombardeiros nucleares da Rússia e da China

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Quatro dias depois de os Estados Unidos posicionarem bombardeiros estratégicos perto da fronteira da Romênia e da Ucrânia, a Rússia e a China fizeram uma patrulha conjunta com aparelhos semelhantes, capazes de empregar armas nucleares, junto ao Alasca.

Assim como os russos interceptaram os dois B-52 que rumavam para a base romena de Mihail Kogalniceanu no domingo (21), nesta quinta (25) foi a vez de os EUA e do Canadá enviarem caças para acompanhar o voo de bombardeiros dos rivais.

Foram enviados para a patrulha um russo Tu-95MS e um chinês H-6K, ambos aviões capacitados para ataques nucleares. Eles estavam acompanhados por uma escolta de caças russos Su-30SM e Su-35S. Todos os modelos de Moscou são usados na Guerra da Ucrânia.

No vídeo do Ministério da Defesa russo sobre a ação, que durou cinco horas, é possível ver a interceptação feita por caças F-35 e F-16 americanos, além de F-18 canadenses. Segundo o Norad, o centro de defesa conjunto dos dois países da América do Norte, não houve incidentes.

Tais patrulhas são comuns, e a celebração da aliança entre Vladimir Putin e Xi Jinping pouco antes da invasão da Ucrânia em 2022 levou a uma escalada no número de ações conjuntas entre os dois países.

Eles não têm um tratado militar, contudo, como o que o russo assinou com o ditador norte-coreano Kim Jong-un neste ano, até por historicamente seus países terem áreas de competição clara na Ásia. Mas a percepção ocidental é de uma união, tanto que o Pentágono já traça cenários de conflito com ambos os rivais nucleares ao mesmo tempo.

A China negou que a patrulha tenha “algo a ver com a situação internacional atual”, disse o porta-voz militar Zhang Xiaogang. “O evento ocorreu como parte da implementação do plano de cooperação militar para 2024 e não é direcionado contra terceiros”, afirmou.

A tensão na Europa adiciona perigos a esses encontros entre potências nos céus mundo afora. Os dois B-52, enviados pela primeira vez à Romênia, foram interceptados por dois caças russos após sobrevoarem de forma inédita o norte da Finlândia, algo que agora pode acontecer porque o país nórdico ingressou na Otan, a aliança militar ocidental.

Na quarta (24), os russos já haviam dado uma sinalização de desagrado pela presença dos gigantescos aviões, 1 dos 2 modelos usados pelos EUA para ataques nucleares estratégicos, que visam mudar o rumo de guerras.

Moscou bombardeou com drones o porto de Izmail, na margem ucraniana do Danúbio, que fica a 110 km da base onde estão os aviões americanos.

Nesta quinta, repetiu a dose com mais força, enviando 38 drones contra a cidade. Kiev disse que 25 deles foram abatidos e 3, caíram em território romeno. Em meio à ação, dois F-18 finlandeses que estão participando de uma missão de patrulha da Otan na Romênia, integrantes da aliança, levantaram voo para assegurar proteção do espaço aéreo.

O governo romeno confirmou que achou destroços de drones russos em áreas desabitadas no seu lado do Danúbio. Bucareste já havia protestado sobre isso no ano passado, mas adotou cautela ao dizer que considerava esse tipo de episódio não um ataque, e sim um acidente.

Faz sentido, já que uma disposição diferente poderia fazer o país invocar o artigo de proteção mútua da Otan e colocar a aliança em conflito direto com a Rússia. O temor disso é operado por Putin desde o começo da guerra na Ucrânia, quando sugeriu que quem se intrometesse na sua operação poderia sofrer consequências nucleares.

A atual dança de bombardeiros é apenas mais uma etapa desse perigoso balé, que viu recentemente os EUA responderem às ameaças atômicas de Putin indicando que vão colocar mísseis ofensivos na Alemanha em 2026.

O problema atual é que, envolvendo aviões e eventualmente navios dos rivais, há um risco aumentado de acidentes. Em 2001, um caça chinês caiu depois de se chocar com um avião-espião americano no mar do Sul da China.

No ano passado, houve uma série de incidentes entre caças russos e drones americanos na Síria, e um avião de Moscou derrubou um aparelho robô de Washington no mesmo mar Negro que agora vê o atrito crescer. Lá, um Su-27 de Putin disparou um míssil ao lado de um R-135 de espionagem britânico em 2021, num episódio ainda obscuro.

Os B-52 ainda não provocaram as defesas aéreas russas na região, como um outro R-135 do Reino Unido fez na quarta, quando chegou perto da Crimeia anexada com dois caças Eurofighter. A primeira missão dos bombardeiros, também nesta quinta, foi no rumo sul, descendo até o Mediterrâneo com escolta da Otan.

IGOR GIELOW / Folhapress

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