SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Uma declaração conjunta de Qatar, Estados Unidos e Egito, publicada nesta sexta-feira (16), afirma que os americanos apresentaram para Israel e Hamas uma proposta de cessar-fogo na Faixa de Gaza. Segundo o texto, representantes de alto escalão dos países mediadores se reunirão na próxima semana para finalizar um acordo.
“A proposta trabalha em aspectos sobre os quais houve entendimento na semana passada e preenche as lacunas restantes para permitir uma rápida implementação do acordo”, afirmou a Casa Branca em um comunicado, também assinado pelos mediadores Qatar e Egito.
O presidente dos EUA, Joe Biden, disse que “estamos mais perto do que nunca” de um cessar-fogo, “mas ainda não chegamos lá”. “Não quero agourar nada… podemos ter alguma coisa”, afirmou a repórteres no Salão Oval da Casa Branca. “Está muito, muito mais perto do que há três dias. Então, cruzem os dedos.”
Dirigentes do Hamas, contudo, declararam à AFP nesta sexta que não aceitarão as “novas condições” de Israel na proposta apresentada durante as conversas em Doha. Tais exigências incluiriam manter tropas israelenses na Faixa de Gaza ao longo da fronteira com o Egito, disse um dos envolvidos, que pediu anonimato.
A facção terrorista mantém a posição de cobrar um cessar-fogo completo, a retirada total das tropas israelenses, o retorno dos deslocados e um acordo de troca de reféns de Israel por prisioneiros palestinos.
Enquanto isso, o Exército de Tel Aviv ordenou que as pessoas nas áreas sul e central de Gaza, as quais haviam sido designadas anteriormente como zonas seguras humanitárias, saíssem nesta sexta. O argumento é que o Hamas tem usado a região para disparar morteiros e foguetes contra o território israelense.
Moradores de Deir al-Balah, a última área ainda não invadida pelas forças de Israel desde o início da guerra, há dez meses, disseram que os bombardeios haviam se intensificado, e tanques haviam cruzado uma cerca na cidade durante a noite.
Israel disse que enviou panfletos de aviso e mensagens de texto para a parte leste de Deir al-Balah e outra área ao norte da cidade de Khan Yunis, onde dezenas de milhares de pessoas buscaram abrigo dos combates em outras partes de Gaza.
“O aviso antecipado aos civis está sendo emitido para mitigar danos à população civil e permitir que os civis se afastem da zona de combate”, disse o Exército em comunicado.
Em resposta à nova ordem de retirada, a UNRWA, principal agência das Nações Unidas em Gaza, disse que as pessoas “permanecem presas em um pesadelo interminável de morte e destruição em uma escala impressionante”.
Anteriormente, o Exército de Israel declarou ter atingido uma área em Khan Yunis de onde foguetes teriam sido disparados em direção à comunidade de Kissufim na quinta-feira (15).
Meses de negociações intermitentes não conseguiram até agora superar divergências entre os lados da guerra, a começar pelo fato de que Israel só vê a paz possível se o Hamas for destruído, e a facção palestina exige um cessar-fogo permanente, na prática, portanto, o fim da guerra.
“Não há mais tempo a perder nem desculpas de nenhuma das partes para mais demoras. É hora de libertar os reféns e os detidos, iniciar o cessar-fogo e implementar este acordo”, afirmaram, na declaração conjunta, Biden e os líderes do Egito, Abdel Fattah Al Sisi, e do Qatar, xeque Tamim bin Hamad al Thani.
A maioria dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza foi deslocada várias vezes desde o início da incursão israelense, em reação ao ataque liderado pelo Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023. Mesmo em áreas designadas como zonas seguras, houve relatos frequentes de vítimas de ataques israelenses.
No primeiro dia da guerra, o Hamas matou cerca de 1.200 pessoas, de acordo com Tel Aviv. A reação de Israel desde então já deixou mais de 40 mil palestinos mortos, principalmente civis, segundo as autoridades de saúde palestinas, ligadas ao Hamas. Israel fala em 17 mil terroristas eliminados.
Tel Aviv acusa a facção palestina e outros grupos militantes de deliberadamente basear combatentes em áreas civis, o que o Hamas nega. Os combates se tornaram mais dispersos e menos organizados à medida que o grupo terrorista mudou para táticas de guerrilha por pequenos grupos de combatentes.
Redação / Folhapress