EUA voltam a subir os juros e taxa atinge maior nível em 22 anos

WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) – Após uma breve pausa no ciclo de alta de juros no mês passado, o Federal Reserve, o banco central dos EUA, voltou a subir a taxa em 0,25 ponto percentual em reunião desta quarta-feira (26), para uma faixa de 5,25% a 5,50% –o nível mais alto em 22 anos— e deixou a porta aberta para novas altas.

A decisão, unânime, não surpreendeu o mercado, que apostava em um novo aumento. A dúvida agora é qual será o próximo passo do Fed em sua missão de controlar a inflação americana.

No comunicado, a instituição afirma que a atividade econômica vem crescendo em um ritmo “moderado” —na reunião anterior, a avaliação era de um ritmo “modesto”. O Fed também destaca que a alta de preços e a expansão de vagas de trabalho seguem em patamar elevado.

“O comitê vai continuar a avaliar informações adicionais e suas implicações para a política monetária”, afirmou o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês).

A expectativa do mercado varia entre o fim do ciclo de altas ou uma nova alta de 0,25 ponto percentual até dezembro. Em junho, o Fed havia projetado que faria mais dois aumentos neste ano.

O banco central dos EUA subiu a taxa de um patamar próximo de zero em março de 2022 para mais de 5% na tentativa de desaquecer a economia e, assim, levar a alta de preços do país para dentro da meta, atualmente em 2%.

Os dados mais recentes de inflação nos EUA mostram uma desaceleração. Em junho, o índice de preços ao consumidor registrou alta de 3% no acumulado em 12 meses, a menor variação em mais de dois anos. Indicadores relativos ao mercado de trabalho também têm mostrado um desaquecimento, embora com alguma volatilidade.

Analistas, no entanto, avaliam que o Fed deve seguir adotando uma postura cautelosa diante desses dados. Em entrevista após a divulgação da decisão, o presidente do BC americano, Jerome Powell, afirmou que o núcleo de inflação (que exclui itens de maior volatilidade) ainda segue elevado.

Por outro lado, há o temor de que a dose aplicada já seja alta demais, derrubando a economia para além do necessário —muitos economistas vêm projetando uma recessão nos EUA, o que não se confirmou até agora.

Atento às preocupações, o Fed vem diminuindo o ritmo de elevação dos juros, e chegou a fazer uma pausa em junho. A expectativa é que o banco central americano consiga fazer o que economistas chamam de “pouso suave”: um desaquecimento da economia suficiente para colocar a inflação sob controle, mas não a ponto de minar a atividade.

Questionado sobre um novo aumento de juros na próxima reunião do Fed, em 20 de setembro, Powell afirmou a jornalistas que isso é possível, assim como uma pausa.

Após a divulgação da decisão desta quarta, a Bolsa brasileira inverteu o movimento de queda e passou a subir 0,38%, aos 122.472,68 pontos. No mercado americano, o movimento foi de queda, com recuo de 0,19% do S&P 500, de 0,32% do Nasdaq e de 0,07% do Dow Jones.

FERNANDA PERRIN / Folhapress

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