Ex-bombeiro também foi sondado para firmar delação sobre morte de Marielle

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Antes de ser firmada a delação do ex-policial militar Ronnie Lessa, apontado como um dos assassinos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, a Polícia Federal tentava com que outro suspeito envolvido no caso aceitasse um acordo de colaboração premiada. Em novembro passado, o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, conhecido como Suel, foi sondado pela corporação para que falasse sobre o crime.

Suel foi preso no ano passado acusado de ter participado das campanas que monitoravam a parlamentar. Ele é citado na delação do ex-PM Élcio de Queiroz, que também está preso por ter participado do assassinato.

Segundo essa primeira delação do caso, acordada em meados do ano passado, Suel também participou de uma tentativa falha de matar Marielle, no final de 2017. A defesa do ex-bombeiro nega as acusações.

Segundo fontes a par da investigação ouvidas pela Folha, Suel foi sondado no final de novembro por um delegado do caso para que ele delatasse. As conversas, no entanto, não foram adiante, pois Lessa decidiu firmar um acordo antes.

O caso tramita em sigilo no STJ (Superior Tribunal Federal), e a colaboração de Lessa ainda precisa ser homologada pela corte. Para isso, é necessário que o que foi dito pelo ex-PM se comprove.

No tribunal, a delação de Lessa ficará a cargo do ministro Raul Araújo.

Marielle e Anderson foram mortos a tiros na noite de 14 de março de 2018, no bairro do Estácio, zona central do Rio de Janeiro. Lessa e Queiroz foram presos no ano seguinte. O primeiro é apontado como o atirador que matou a parlamentar e o motorista, enquanto o segundo, como quem dirigia o carro usado no crime.

As delações de Lessa e Queiroz expõem uma das estratégias da Polícia Federal para solucionar o caso. Há uma avaliação dentro da corporação, que hoje toca as investigações, de que só é possível chegar ao mandante do assassinato de Marielle através do depoimento dos envolvidos.

A justificativa para isso é que, como já se passaram quase seis anos do crime, muitas das provas não existem mais. A própria PF admitiu isso em um relatório feito no ano passado, em que cita falta de registros telefônicos dos suspeitos e de imagens do entorno do crime como ‘limites intransponíveis’ para a investigação.

Procurada, a Polícia Federal informou que não comenta as investigações que estão em andamento. Em nota, a corporação afirmou que, até o momento, “ocorreu uma única delação na apuração do caso, devidamente homologada pelo Poder Judiciário”.

“As investigações seguem em sigilo, sem data prevista para seu encerramento”, completou a PF.

CAMILA ZARUR / Folhapress

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