PORTO ALEGRE, RS (UOL/FOLHAPRESS) – Do início avassalador no Botafogo, Matheus Babi guarda apenas as boas lembranças. Quatro anos depois de ver uma enxurrada de apelidos como Babigol e Ibabimovic tomarem as redes sociais, o atacante busca a retomada na carreira. Hoje, a realidade está em Montevidéu, capital do Uruguai, defendendo o Peñarol.
Mas tão longe de casa, bastou um gol para ele virar fenômeno. Parado por torcedores nas ruas, recebido com festa no aeroporto, a fase ‘celebridade’ arrancou sorrisos do centroavante em entrevista ao UOL.
FENÔMENO NA TORCIDA
Simpatia sempre foi um dos fortes de Babi. Logo de cara, se tornou xodó da torcida do Botafogo, onde viveu melhor momento de sua trajetória no Brasil.
No Uruguai, bastaram três jogos e um gol para uma simples ida ao supermercado virar uma tarefa difícil.
“Eu ando aqui pelas ruas, vou no mercado, torcedor me para, tira foto, pede autógrafo. Aqui a torcida é muito fanática, a história do clube é gigante. Eu fiquei muito surpreso, eu realmente não esperava um tratamento assim, tão rápido”, contou.
Antes mesmo da chegada, a expectativa era alta sobre ele. A primeira surpresa veio minutos após pisar no Uruguai, quando viu um grupo de torcedores que tinha ido recepcioná-lo no aeroporto.
“A torcida é incrível. Nunca tinha vivenciado uma coisa dessas. A torcida é muito fanática. Quando cheguei, tinha um bocado de torcedor no aeroporto me esperando, eu nunca esperei que iria acontecer isso”, disse.
“Eu fico de boa quando pedem pra tirar foto, mas quando começam a conversar eu já enrolo um pouquinho e coloco o portunhol em dia (risos)”, diz o jogador.
DECISÃO EM TRÊS HORAS
Babi estava no Athletico-PR e já buscava se superar. Vivia recuperação do maior drama de sua carreira, um rompimento de ligamento cruzado anterior, ocorrido em 2021, que o fez parar por quase 10 meses.
“Nunca imaginava que teria uma lesão dessa, não passava pela minha cabeça de acontecer uma fatalidade dessas. É muito difícil no futebol uma lesão assim, ficar tanto tempo parado. Eu procurei trabalhar, não tinha muito a fazer, era focar na recuperação. Quando voltei, achava que seria a mesma coisa, mas vi que muita coisa tinha mudado no futebol”, contou.
“Eu ainda estava me adaptando, estava um pouco sem ritmo, tentei trabalhar mais, mas só o tempo mesmo que a recuperação vem. Quando eu voltei, estava ainda com muito receio, de dividida, por o pé, correr, demorou um pouco para eu esquecer a lesão”, completou.
Neste período, viveu empréstimos para Goiás e Santa Clara, mas percebia que não teria espaço no Furacão. Foi quando uma oferta o fez perceber que era necessário mudar de ares e partir para o desconhecido.
Em três horas, tomou a decisão de partir para o Uruguai em empréstimo até o fim da temporada com o Peñarol. Em um mês no Uruguai, ele tem um gol em três jogos.
“Eu acho que precisava disso. No Athletico, tinha um time bem encaminhado, já estava chegando jogadores, vi que ali não era meu lugar. Apesar do momento, precisava respirar novos ares, viver outras oportunidades e seguir em frente. Foi uma decisão rápida, decidi em três horas. A proposta chegou às 11h, eu estava treinando no Athletico, e às 13h eu já tinha dado ok”, conta Babi.
TORCIDA APAIXONADA
“Carbonero!!”, entoa Babi rapidamente citando um dos cânticos da torcida do Peñarol. A participação dos aficionados nos jogos chama atenção dele. Mas lances bonitos são secundários. Segundo o atacante, a imposição no futebol uruguaio é pela garra.
É um campeonato bastante disputado, intenso, força é o que mais tem aqui. Aqui não se vibra com jogada de letra, jogada bonita, aqui se vibra mais com carrinho, dividida. Isso é o que eu presto muita atenção no jogo. Quando o jogador dá uma letra… nada. Quando dá um carrinho, a torcida já grita. A todo momento pedem garra. Não importa o que você faz, mas tem que ter garra.
DESTINO INCOMUM
O Uruguai não é um destino comum para jogadores brasileiros. Segundo o site transfermarkt, apenas seis atletas do Brasil atuam na primeira divisão uruguaia. Além de Babi, o Peñarol conta com Léo Coelho, zagueiro que passou por Portuguesa e Santos.
“Minha chegada foi extremamente incrível. Recepção de todos, do clube, fora do clube, torcida, me apoia até nesta quarta-feira (20), foi uma novidade, um brasileiro chegando aqui, tem poucos aqui. Eu gostei, estou gostando muito”, disse.
A atenção dada pelos dirigentes também agrada o jogador, que repete a todo instante a felicidade que encontrou cruzando a fronteira. “Agora mesmo me ligaram para saber como eu estou. O pessoal foi muito legal comigo.”
O que mais chama atenção é o mate, chimarrão deles aqui. Em todo canto tem uma pessoa tomando mate. Eu já provei… É questão de costume, eu não gostei, não
VOLTAR AO BRASIL?
“Eu ainda não tinha pensado nisso, estou há pouco tempo aqui. Mas me sinto bem e estou feliz. Eu quero retomar minha carreira como era antes da lesão, o futuro pertence a Deus”, finalizou.
MARINHO SALDANHA / Folhapress