Ex-campeões peso-pesado do UFC fazem combates sangrentos de MMA sem luvas

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – No aclamado filme “Clube da luta”, do diretor David Fincher, os personagens de Brad Pitt e Edward Norton brigam entre si e com outros membros do grupo com características de uma seita em combates sangrentos e sem regras, como modo de extravasar a raiva e as frustrações do dia a dia.

Embora com regras do MMA profissional a serem seguidas, é difícil não lembrar da película ao assistir ao evento “Gamebred Bareknuckle”, que promove lutas de artes marciais mistas sem luvas.

Devido ao contato direto das mãos dos lutadores ao desferir os golpes contra os adversários, as lutas se tornam muito mais impactantes visualmente do que no UFC (Ultimate Fighting Championship), com os atletas muitas vezes saindo do ringue com os rostos completamente desfigurados.

Esse é justamente o objetivo do criador do evento, o ex-lutador do UFC Jorge Masvidal. Antes de ingressar na organização de Dana White, o norte-americano ficou conhecido por vídeos em que aparecia brigando nas ruas de Miami e anuncia o Gamebred como o “show mais violento da Terra”.

Uma série de atletas que já passaram pelo UFC, incluindo campeões peso-pesado do evento, estão agora competindo no MMA sem luvas. É o caso de Junior Cigano, que conquistou o cinturão dos pesados do Gamebred em março ao nocautear o norte-americano Alan Belcher.

O catarinense de Caçador reconhece que, em um primeiro momento, chegou a ficar um pouco receoso em aceitar o convite de Masvidal, seu companheiro de treinos na academia American Top Team, na Flórida, por não ter tido experiências prévias em lutas sem luvas.

Ao estrear no evento, contudo, Cigano conta que se sentiu bem e tomou gosto pela nova modalidade. Ajudou também o fato de ter saído com a vitória em sua primeira luta, em setembro de 2023, quando deixou o também brasileiro ex-campeão peso-pesado do UFC Fabrício Werdum com o rosto bastante machucado.

Cigano e Werdum têm uma longa história no MMA —a luta no Gamebred foi a segunda entre os dois, que já haviam se enfrentado em 2008 pelo UFC, quando Cigano também saiu com a vitória após nocautear o compatriota.

“A experiência [no Gamebred] foi ótima”, diz Cigano em entrevista à reportagem. Ele afirma que a principal diferença que sentiu em relação ao UFC foi certa contenção na força dos golpes, de modo a evitar lesões nas mãos em decorrência do choque contra o corpo dos adversários. “Não joguei golpes muito fortes. Com velocidade, mas não com tanto peso.”

Há também maior preocupação em se esquivar dos ataques, já que um soco direto na cara, sem luva, aumenta as chances de cortes e hematomas mais profundos, acrescenta Werdum. “A luta acaba ficando com uma distância maior entre os lutadores em comparação ao MMA com luvas”, diz ele, que conta ter aceitado o confronto contra Cigano pelo histórico entre eles.

Apesar dos machucados, o gaúcho de Porto Alegre não descarta lutar novamente no evento de Masvidal, desde que, assim como foi contra Cigano, tenha alguma motivação que o faça se animar a entrar novamente no octógono. “Faria com certeza [outras lutas de MMA sem luva], só que tem que ter uma história, tem que ter alguma coisa a mais.”

Werdum afirma que estava há cerca de três anos sem lutar antes de enfrentar Cigano e teve de lidar com uma série de lesões no período de preparação. Para um eventual próximo compromisso, além de já estar com o corpo mais habituado à rotina de treinos, pode pesar a seu favor o fato de já ter tido uma experiência e saber melhor como se comportar na frente do adversário.

Na luta em que conquistou o cinturão dos pesados do Gamebred, mesmo saindo vitorioso, Cigano terminou com o nariz quebrado após receber uma cotovelada do adversário —foi a quarta vez que o brasileiro quebrou o nariz em combate. “Já estou mais habituado a isso. Agora é focar na recuperação e esperar a calcificação do nariz.”

Enquanto aguarda o próximo compromisso, quando defenderá o cinturão contra um adversário ainda a ser definido, Cigano mira fazer uma luta de boxe. “Tem boas conversas em relação a isso, mas nada fechado por enquanto.”

O lutador diz que o foco é fazer lutas contra grandes nomes da nobre arte, como Anthony Joshua, Tyson Fury e Oleksandr Usyk. “Minha principal arte é o boxe e me sinto bastante confiante em enfrentar os melhores. Acho que posso fazer um ótimo trabalho, sem ter que me preocupar com chutes, quedas, jiu-jitsu”, afirma Cigano.

Ele descarta no momento confrontos contra influenciadores ou celebridades, mas vê o que classifica como combates de entretenimento de forma positiva, por tratar-se de uma forma de levar a modalidade para um público maior. “A luta do Jake Paul com o Mike Tyson tem criado bastante burburinho, as pessoas gostam de ver.”

LUCAS BOMBANA / Folhapress

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