Ex-CEO da Abercrombie acusado de tráfico sexual deixa prisão após pagar fiança de US$ 10 milhões

sÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O ex-CEO da Abercrombie & Fitch Mike Jeffries e o seu companheiro, Matthew Smith, deixaram a prisão no estado da Flórida, nos EUA, após pagarem fiança nessa terça-feira (22).

Jeffries foi liberado após depósito de US$ 10 milhões (R$ 57,23 milhões), enquanto Smith teve de pagar US$ 500 mil (R$ 2,86 milhões). Um porta-voz da Promotoria do Tribunal Federal de Nova York informou que os dois devem apresentar declarações formais a uma corte do estado nesta sexta-feira (25).

James Jacobson, suspeito de ser um intermediário, continua preso em Wisconsin, pois os promotores alegaram que há risco de fuga. A Promotoria também pedirá que Jeffries e Smith cumpram prisão domiciliar.

O trio responderá por uma acusação de tráfico sexual e 15 de prostituição interestadual (transportar alguém com o objetivo de prostituição) de 15 vítimas não identificadas entre 2008 e 2015.

Se condenados, eles podem pegar de prisão perpétua a 15 anos por tráfico sexual, enquanto a pena máxima por prostituição interestadual é de 20 anos de prisão.

O procurador dos EUA Breon Peace, cujo escritório obteve uma condenação e uma pena de prisão de 30 anos para o cantor R. Kelly por tráfico sexual, disse que pessoas poderosas têm abusado sexualmente de jovens que aspiram a carreiras na moda e no entretenimento por muito tempo.

“Para qualquer um que pense que pode explorar e coagir outros usando o chamado sistema de ‘teste do sofá’, este caso deve servir como um aviso: Prepare-se para trocar esse sofá por uma cama em uma prisão federal”, disse Peace em entrevista coletiva nessa terça-feira (22).

De acordo com a acusação, Jeffries e dois cúmplices participaram de uma quadrilha de tráfico sexual na qual recrutavam aspirantes a modelos masculinos, os atraíam para festas, forneciam-lhes drogas e os forçavam a fazer sexo.

O caso teve origem em uma investigação da BBC de 2023, “The Abercrombie Guys: The Dark Side of Cool”, na qual vários homens falaram sobre a assinatura de acordos de confidencialidade para eventos sexuais supostamente dirigidos por Jeffries.

Na época da denúncia, os autores do processo contra o ex-CEO acusaram a Abercrombie & Fitch de ser cúmplice nos crimes cometidos por Jeffries, pois teria, segundo as vítimas, ignorado as denúncias feitas contra o ex-CEO. Um porta-voz da varejista foi procurado pelo jornal The New York Times, mas se recusou a comentar sobre o processo e a prisão de Jeffries.

Anteriormente, a Abercrombie & Fitch disse estar “horrorizada e enojada” com as denúncias sobre o comportamento de Jeffries e que tem “tolerância zero para abuso, assédio ou discriminação de qualquer tipo”.

Jeffries deixou a Abercrombie em 2014 depois de receber US$ 25 milhões (cerca de R$ 66 milhões na cotação da época) em indenização, de acordo com documentos corporativos.

O advogado de Jeffries, Brian Bieber, se negou a comentar sobre as acusações contra o seu cliente, mas disse ao jornal The New York Times que a equipe de defesa deve se pronunciar no “momento apropriado” no tribunal. Já as defesas de Smith e Jacobson se negaram a comentar.

‘TESTES’ E ‘POPPERS’

Os promotores disseram que Jeffries e Smith pagaram para que dezenas de homens os encontrassem para sexo em suas casas em Manhattan e nos Hamptons em Long Island, Nova York, bem como em hotéis em lugares como Inglaterra, França, Itália, Marrocos e St. Barts.

Com poder e dinheiro, Jeffries e Smith estavam “dedicados a satisfazer seus desejos sexuais e garantir que seu negócio internacional de tráfico sexual e prostituição permanecesse em segredo, mantendo assim a poderosa reputação de Jeffries”, disse a acusação.

Eles também disseram que o esquema envolvia relaxantes musculares conhecidos como “poppers” e adereços como grandes brinquedos sexuais e objetos de alta pressão.

Os homens eram obrigados a assinar acordos de confidencialidade e pagar indenizações se contassem a alguém, incluindo familiares e amigos, o que acontecia.

A proposta de ação coletiva liderada pelo autor nomeado David Bradberry, que participou da investigação da BBC, acusou separadamente a Abercrombie de pagar pessoas que acusaram Jeffries de abuso sexual ou assédio.

Abercrombie, Jeffries e Smith pediram a um juiz federal em 4 de outubro para rejeitar esse caso.

O ex-CEO ocupou o cargo na Abercrombie de 1992 a 2014, tornando-a uma fabricante de roupas para adolescentes bem-sucedida, conhecida por lojas cheias de colônia e anúncios com modelos semi-nus.

Redação / Folhapress

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