BRASÍLIA, DF (UOL/FOLHAPRESS) – Comandante da Polícia Militar do Distrito Federal no dia das invasões às sedes dos três Poderes, o coronel Fábio Augusto Vieira disse que vai permanecer em silêncio durante o depoimento na CPI do 8 de Janeiro nesta terça-feira (29). Ele fez um pronunciamento no começo da sessão e justificou que não teve acesso ao processo.
O coronel Fábio Augusto pode ficar calado porque recebeu uma autorização do ministro Cristiano Zanin, do STF (Supremo Tribunal Federal).
Ainda assim, foi questionado se o militar se comprometia a dizer a verdade. Ele se negou.
O ex-comandante da PM está preso desde 18 de agosto, quando uma operação contra a cúpula da corporação foi deflagrada pela Polícia Federal, tendo sete oficiais como alvo.
Ele tirou folga no dia das invasões e foi preso, mas foi libertado pela Justiça em 3 de fevereiro. Os governistas da CPI entendem que ele se omitiu e ajudou a criar um apagão de comando na Polícia Militar.
Ainda que o coronel tenha avisado que não falaria, a relatora da CPI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), fez perguntas e apresentou indícios. Ela leu a transcrição de um áudio enviado pelo ex-comandante em 28 de outubro do ano passado, sexta-feira antes da eleição.
“Na hora que der o resultado das eleições que o Lula ganhou, vai ser colocado em prática o art. 142, viu? Vai ser restabelecida a ordem. Se afasta Xandão, se afasta esses vagabundo tudinho e ladrão, safado, dessa quadrilha? Aí vocês vão ver o que é por ordem no país. Não admito que o Brasil vai deixar um vagabundo, marginal, criminoso e bandido, como o Lula, voltar ao poder”, afirma mensagem apócrifa enviada por Fábio Augusto antes das eleições em que cita o artigo 142, que foi usado erroneamente para pedir intervenção militar.
O ex-comandante da PM encaminhou o áudio ao coronel Klepter Rosa, que também está preso. O celular de Fábio Augusto revelou intensa troca de mensagens golpistas entre oficiais da corporação.
Assim como Fábio Augusto, o secretário de Segurança Pública na época, Anderson Torres, prestou depoimento na CPI.
FELIPE PEREIRA / Folhapress