PORTO ALEGRE, RS (UOL/FOLHAPRESS) – Não foi fácil para Gabriel Magalhães virar técnico. Hoje no comando do Chiangrai United, da Tailândia, ele tentou entrar no futebol de todas as formas, chegou a ser roupeiro, fez curso e virou árbitro, apitou jogos de base e amador, entrou no Corinthians como analista de desempenho, tudo isso até se transformar em treinador.
No começo de sua carreira, Magalhães tinha o desejo de entrar no universo do futebol e buscava alternativas para isso. Entre as opções, depois de fazer curso de treinador, apostou na arbitragem.
Se formou árbitro na Federação de Brasília e chegou a apitar partidas da base e também jogos amadores, mas desistiu da função quando outras oportunidades apareceram. Além de conhecer mais o jogo, ele buscava renda extra no apito.
“Me formei com a ideia de aprender o jogo, queria entrar no futebol. Era completamente apaixonado, queria entender melhor o jogo. Busquei isso em todas as áreas. Uma delas, no começo, foi a arbitragem. Já tinha feito curso de treinador, trabalhado como roupeiro num jogo, supervisor, treinador auxiliar, fui estudar arbitragem. É legal e interessante ver a visão dos árbitros. Pude fazer uma renda extra em Brasília”, contou.
“Em nenhum momento foquei somente em ser árbitro. Eu queria trabalhar com futebol e todas as áreas me ajudavam. Eu dava aula na escolinha do Guaraense, depois passei para a base do Gama, e a gente tem outros períodos em que não tem muitos jogos, era um centro pequeno. Financeiramente tinha que arrumar dinheiro, tinha uma filha pequena. Fazia alguns jogos em clubes sociais, campeonatos internos e eu apitava, era assistente, fazia uma renda extra e isso me fez desenvolver bastante conhecimento de jogo, de regra, para utilizar em todos os momentos que precisa em jogos”, conta Magalhães, técnico de futebol.
FORMAÇÃO DE ÁRBITRO AJUDOU
Depois de passar por vários clubes, entre eles Gama, Brasiliense e Anápolis, Gabriel recebeu sua principal chance no Corinthians.
No Timão, onde ficou de 2016 a 2020, foi um dos responsáveis pelo CADI (Centro de Análise de Desempenho e Inteligência da Informação), uma plataforma de inteligência que potencializa a performance dos atletas da base e armazena informações de todos os jogadores do clube. Posteriormente, ainda passou a equipe do CIFUT, sendo responsável principalmente por analisar os adversários do Corinthians na temporada do profissional.
Ali os ensinamentos da arbitragem já faziam efeito na hora de elaborar relatórios sobre árbitros que estariam pelo caminho em jogos nacionais e internacionais.
“Pude analisar alguns árbitros em jogos de Libertadores e Sul-Americana, para passar ao treinador informações mais detalhadas sobre o comportamento dele. Assim, os jogadores recebem mais informações para as partidas e o curso ajudou no entendimento de tudo isso. Se entende melhor o pensamento do árbitro e até é possível junto da comissão técnica, com o conhecimento total das regras, criar algo em boa parada, em alguma situação de jogo”, diz o técnico.
ÁRBITRO OU TREINADOR?
Gabriel entende que poderia ser um árbitro com bom nível técnico, porém a parte física seria um desafio. “Pelo nível de entendimento do jogo, da parte tática, de repente estaria num bom nível. Mas na parte física poderia ser complicado, nunca fui atleta de alto nível”, disse.
Mas certamente a cobrança é algo que poderia atrapalhar um pouco a trajetória. “O árbitro é mais cobrado que o treinador, com certeza. Porque é cobrado pelos dois lados. Em muitos momentos se tem decisões muito complicadas a tomar. Ser árbitro é muito difícil, e ser assistente ainda mais”, comentou.
“Não me vejo nessa função. Desde que entrei no campo, não me imagino mais como árbitro, e tento melhorar minha carreira como treinador”, afirma.
HOJE NA TAILÂNDIA
Gabriel tem contrato até o fim da temporada com o Chiangrai United, da Tailândia. Recentemente ele recebeu algumas consultas de equipes do Brasil e não esconde o desejo de trabalhar no país.
Na trajetória após o Corinthians, ele passou por Sampaio Corrêa, Maringá, e Fortaleza, no Brasil, como auxiliar. Na Tailândia, foi auxiliar do Buriran United, e do próprio Chiangrai, clube do qual é treinador principal há um ano e meio.
“Tenho o sonho de trabalhar no Brasil, sou um cara de arquibancada, apaixonado pelo futebol. Tenho um carinho imenso pela torcida, por esse calor que a gente sabe que no Brasil é diferente. Não sei se agora ou no futuro, mas tenho esse sonho de treinar um grande time no Brasil. Vou cumprir meu contrato e depois vamos ver.”
MARINHO SALDANHA / Folhapress