SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Nelson França é um detetive particular que ajudou a polícia a prender muita gente, mas com o passar dos anos, ele acabou ficando cego. No entanto, um serial killer que ele capturou no passado volta a agir e França desconfia que conhece bem quem é o autor.
Sem a visão, seria impossível de prendê-lo? Não para Selton Mello, que interpreta o investigador em “França e o Labirinto”, audiossérie de 13 episódios que chega ao Spotify no dia 29 deste mês.
Nascido em 1972, Mello estreou como dublador ainda na adolescência, atuando com vozes de galãs como Tom Hanks e Ralph Macchio (tá, tudo bem, nem tão galãs assim). Retornar aos estúdios, então, foi uma volta ao passado -mas com uma certa diferença.
Antes, sua voz meio rouca e inconfundível estava presente em diversas comédias. Agora, no podcast, um suspense pesado. No fim, o retorno acabou sendo uma mescla dos dois, já que Selton mexeu seus pauzinhos para que França tivesse uma camada de humor em alguns momentos.
“Fui me aprofundando no detetive e propus ao Deive e ao Alexandre [produtores] deixar o personagem um pouco mais sarcástico, o que foi muito bem aceito”, explica Mello, em entrevista à Folha de S.Paulo. “E assim, se construiu França, um detetive extremamente perspicaz e observador. Um verdadeiro anti-herói.”
Com a tecnologia de áudio binaural -uma espécie de som em 3D-, a audiossérie ganha mais realismo, às vezes parece que o personagem está ali do seu ladinho. Personagem esse que foi criado a partir de algumas referências.
“Eu cresci vendo filmes, séries, livros de suspense e detetives, como Mandrake de Rubem Fonseca, Detetive Espinosa, do Garcia-Roza, o Bellini, do Tony Bellotto, o filme Coração Satânico, com Mickey Rourke…”, lista Mello, que protagonizou a série produzida em parceria com o Jovem Nerd.
A partir do detetive e a julgar pelos personagens recentes do artista, a busca é constante por papéis desafiadores e bem diferentes entre si. “Quero fazer um milionário, um bolsominion, um camponês, um ativista da esquerda… Se eu me limitar, aí saio de cena, fecho cortina e vou embora”, acredita ele. “Eu não desisto da profissão por causa de críticas e nem acho que sou melhor. Como cheguei aos 50, vou ficando mais suave na nave, vou fazer o que quero fazer, de fato.”
JÚLIO BOLL / Folhapress