RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A Justiça do Rio de Janeiro aceitou nesta segunda-feira (16) a denúncia do Ministério Público estadual contra Tamara Garcia, ex-mulher do bicheiro Bernardo Bello, sob acusação de lavagem de dinheiro envolvendo uma mansão do ex-casal na Barra da Tijuca, na zona oeste da capital fluminense. A reportagem não localizou sua defesa.
O imóvel de luxo estava sequestrado por determinação judicial desde março, quando foi feita uma operação para tentar prender o contraventor, que está foragido.
Mesmo com a restrição judicial, Bello e Tamara alugaram a casa pelo valor de R$ 70 mil ao jogador do Flamengo Erick Pulgar. O atleta não é investigado, mas o Ministério Público solicitou que ele testemunhasse no caso.
Segundo a investigação, o aluguel era pago em espécie, apesar de o contrato prever transferências bancárias. A movimentação dos valores, de acordo com os promotores, teria sido dissimulada por Tamara.
Em depoimento, Tamara afirmou que precisava que o dinheiro fosse pago em espécie porque suas contas bancárias estavam bloqueadas.
“A ré, mesmo ciente da constrição judicial que recaía sobre o imóvel, celebrou contrato de locação com pagamento realizado em espécie, em desacordo com as cláusulas formais do instrumento contratual, com a finalidade de dificultar a rastreabilidade dos valores envolvidos”, escreveu o juiz Juiz Gustavo Gomes Kalil, em trecho da decisão.
De acordo com investigação, o crime ocorreu entre setembro de 2023, quando foi assinado o contrato com Pulgar, e março deste ano. O atleta não mora mais na mansão.
Ainda segundo os promotores, os pagamentos foram feitos em espécie e realizados em locais públicos, longe de escritórios ou ambientes com câmeras de vigilância.
“A denúncia aponta que os pagamentos eram efetuados em locais públicos e entregues diretamente à denunciada, caracterizando evidente tentativa de dissimular a origem e a movimentação patrimonial”, afirmou juiz Juiz Gustavo Gomes Kalil, em trecho da decisão.
A pedido do Ministério Público, o Juízo da 1ª Vara Criminal Especializada em Crime Organizado determinou que Tamara compareça quinzenalmente em Juízo. Ela também está proibida de sair do Rio de Janeiro por mais de 15 dias sem autorização judicial e de ter contato com testemunhas do processo.
Bernardo Bello chegou ao posto de liderança do jogo do bicho depois de romper com Tamara Harrouche Garcia, filha de Waldermir Paes Garcia, o Maninho. O patriarca da família Garcia foi assassinado em setembro de 2004. Com isso, a rede de contravenção dos Garcia seria herdada pelo irmão dele, Alcebíades Paes Garcia, o Bid.
Bid foi morto em 25 de fevereiro de 2020, e Bernardo Bello é apontado como mandante do crime. O caso foi um dos que marcaram a guerra do jogo do bicho no Rio.
Bello também é suspeito de tentar matar Shanna Harrouche Garcia, sua ex-cunhada.
O contraventor chegou a ser preso em janeiro de 2022, na Colômbia, mas foi solto após a Justiça acolher um habeas corpus e determinar a liberdade do bicheiro. A Polícia Civil do Rio e o MPRJ tentam prendê-lo desde novembro de 2022 e contra o bicheiro, há cinco mandados de prisão em aberto.
ALÉXIA SOUSA / Folhapress