SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Uma cidadã dos Estados Unidos foi morta nesta sexta-feira (6) por tropas de Israel enquanto participava de um protesto pacífico contra a expansão de assentamentos israelenses na Cisjordânia ocupada, informou a ONU.
Segundo as Nações Unidas, Aysenur Ezgi Eygi, 26, de nacionalidade turca e americana, foi baleada na cabeça por soldados que reprimiam a manifestação. Médicos palestinos já haviam confirmado a morte.
“Uma ativista americana solidária [com os palestinos] chegou ao hospital com um tiro na cabeça e anunciamos seu martírio por volta das 14h30 [8h30 de Brasília]”, afirmou Fuad Nafaa, diretor do hospital Rafidia, de Nablus.
Nafaa afirmou à Reuters que a mulher chegou ao hospital em estado crítico, com uma lesão grave na cabeça. “Tentamos realizar uma operação de ressuscitação nela, mas infelizmente ela morreu.”
O governo americano afirmou que buscava mais informações com urgência. “Expressamos as nossas mais profundas condolências à sua família e entes queridos. Buscamos urgentemente mais informações sobre as circunstâncias da sua morte e poderemos dizer mais quando as tivermos”, disse o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, sem atribuir responsabilidades sobre a ação. O funcionário chamou a morte de trágica.
O Exército israelense disse que suas tropas foram atacadas “e responderam disparando na direção do instigador da violência, que lançou pedras contra os soldados e representava uma ameaça”. Tel Aviv disse ainda que está investigando relatos “sobre um cidadão estrangeiro morto por consequência dos disparos”.
A Wafa, agência de notícias oficial palestina, disse que o incidente ocorreu durante uma marcha de protesto rotineira de ativistas em Beita, cidade perto de Nablus que tem sido alvo de ataques repetidos por colonos.
O aumento de ataques violentos de colonos israelenses contra vilas palestinas na Cisjordânia ocupada tem causado tensão entre Israel e seus aliados ocidentais, incluindo os Estados Unidos, que impuseram sanções a várias colonos.
O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, condenou o que chamou de “selvagem ação de Israel” durante o protesto que terminou com a morte de Eygi, que também tinha nacionalidade turca. Ela pertencia ao ISM (Movimento Internacional de Solidariedade), uma organização pró-Palestina.
Uma ativista do ISM disse à agência de notícias AFP que a bala que atingiu Eygi foi “um tiro para matar”.
Enquanto isso, na Faixa de Gaza, ataques militares atribuídos a Tel Aviv mataram pelo menos 12 palestinos nesta sexta, disseram médicos locais, ao mesmo tempo em que funcionários de saúde retomaram a vacinação contra a poliomielite em dezenas de crianças.
Em Nuseirat, um dos oito campos de refugiados do território, duas mulheres e duas crianças morreram, enquanto outras oito pessoas foram mortas em dois outros ataques na Cidade de Gaza, disseram os médicos.
As forças israelenses estavam em confronto com membros da facção terrorista Hamas no subúrbio de Zeitoun, na Cidade de Gaza, onde os moradores disseram que tanques operam há mais de uma semana; no leste de Khan Yunis e em Rafah, perto da fronteira com o Egito.
A morte da cidadã americana ocorre algumas semanas após cerca de cem colonos atacarem a aldeia de Jit, no norte da Cisjordânia, provocando condenação da comunidade internacional.
Palestinos e grupos de direitos humanos acusam regularmente as Forças israelenses de não agirem enquanto os ataques acontecem e até mesmo de se juntarem a eles. Os assentamentos israelenses em território palestino são considerados ilegais pela ONU e diversos países, e um entrave para o processo de paz na região.
Onze meses após o início da guerra, a diplomacia até agora não conseguiu concluir um acordo de cessar-fogo para encerrar o conflito entre Israel e Hamas e garantir a libertação de reféns israelenses e estrangeiros mantidos em Gaza, bem como de muitos palestinos presos em Israel.
Os dois lados da guerra continuam a se culpar pelo fracasso dos esforços dos mediadores, liderados por Qatar, Egito e Estados Unidos. Os americanos devem apresentar uma nova proposta de trégua, mas as perspectivas de um avanço permanecem sombrias, já que persistem divergências sobre os termos de um acerto de paz.
Na quinta-feira (5), o secretário de Estado americano, Antony Blinken, afirmou que era incumbência de Israel e do grupo terrorista Hamas dizer sim nas questões restantes para chegar a um acordo.
Redação / Folhapress