SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em nota oficial, o Exército afirmou que não vai se manifestar especificamente sobre a operação da Polícia Federal relacionada a venda de joias recebidas como presentes pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mas ressaltou que “não compactua com eventuais desvios de conduta de quaisquer de seus integrantes”.
“O Exército vem acompanhando as diligências realizadas por determinação da Justiça e colaborando com as investigações em curso. A Força não se manifesta sobre processos apuratórios conduzidos por outros órgãos, pois esse é o procedimento que tem pautado a relação de respeito do Exército Brasileiro com as demais instituições da República”, diz o texto, cuja última frase traz o acréscimo.
“Por fim, cabe destacar que o Exército Brasileiro não compactua com eventuais desvios de conduta de quaisquer de seus integrantes.”
Amigo de Bolsonaro, de quem foi colega de turma na Aman (Academia Militar das Agulhas Negras), e ex-integrante do governo, o general da reserva Mauro César Lourena Cid foi alvo de um dos mandados de busca e apreensão na operação. Ele é pai do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro Mauro Cid, que está preso sob suspeita de ter adulterado os registros de vacinação do ex-presidente e de familiares.
Embora Cid pai esteja inativo, o envolvimento de um general de quatro estrelas na investigação inevitavelmente contamina por tabela a imagem do Exército. Como todo oficial que alcança o posto máximo da corporação, o general Cid sempre gozou de boa reputação entre seus pares, o que não se alterou nem com a prisão de seu filho.
O general da reserva Sergio Etchegoyen, que foi ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional no governo Michel Temer (MDB) e chefe do Estado-Maior do Exército entre 2015 e 2016 (quando o comandante era Eduardo Villas Bôas), prestou solidariedade ao general Cid, por quem afirmou nutrir confiança.
“Acredito e confio no general Cid. Conheço-o há muitos anos”, declarou Etchegoyen à reportagem.
À boca miúda e em grupos de aplicativos, oficiais do Exército têm atribuído a operação a uma suposta guerra da Polícia Federal contra a instituição verde-oliva. Conforme essa tese, seria uma retaliação na disputa pelo comando da segurança presidencial.
A função sempre coube aos militares do GSI, mas, depois dos ataques golpistas de 8 de janeiro, o presidente Lula determinou que a PF assumisse a responsabilidade, que passou então a caber a uma secretaria extraordinária comandada pelo delegado Aleksander Oliveira
Depois que o general Marcos Antônio Amaro assumiu o GSI, após a demissão do general Gonçalves Dias, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, anunciou que os militares voltariam a cuidar da segurança do presidente.
FABIO VICTOR / Folhapress