Exército do Sudão toma aeroporto de Cartum de rivais paramilitares

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Exército do Sudão está cercando o aeroporto da capital, Cartum, e áreas ao redor, segundo dois militares disseram à Reuters nesta quarta-feira (26). As tropas buscam expulsar os rivais das Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês) de seu último reduto na cidade.

As tropas “protegeram totalmente” o aeroporto internacional, para onde os paramilitares das RSF enviaram combatentes desde o início do conflito em abril de 2023, disse o porta-voz do Exército, Nabil Abdallah, à AFP.

As RSF concentraram seus soldados no sul da capital. O Exército afirmou controlar o acampamento de Tiba al-Hassanab, última base do grupo paramilitar rival no Sudão central.

A escalada de violência tem tomado conta da região. Após combates na sexta (21), o Exército tomou o palácio presidencial no centro de Cartum, marcando um avanço simbólico importante após dois anos de conflito que está dividindo o país em zonas rivais de controle.

Na terça (25), centenas de civis morreram após o Exército bombardear um mercado na cidade de Tora, na região de Darfur, de acordo com uma entidade de advogados sudaneses chamada Emergency Lawyers. Um porta-voz da ONG, que pediu para não ser identificado, afirmou à AFP que, devido ao grande número de cadáveres, não foi possível realizar uma contagem nem identificar as vítimas.

A extensa região de Darfur tem sido palco de algumas das piores atrocidades da guerra, incluindo bombardeios com barris explosivos em áreas civis, ataques paramilitares em acampamentos para pessoas deslocadas afetadas pela fome e violência étnica generalizada.

O Sudão está atolado em uma guerra civil desde abril de 2023, enquanto o país tentava uma transição democrática.

Desde então, o conflito deixou dezenas de milhares de mortos, de acordo com a Organização das Nações Unidas, e forçou mais de 12 milhões de pessoas a fugir de suas casas. A ONU chama essa de “a maior crise humanitária do mundo”, com fome em várias áreas e surtos de doenças.

O Exército e as RSF foram parceiros frágeis, realizando um golpe conjunto em 2021 que interrompeu a transição do regime de Omar al-Bashir, ditador deposto em 2019.

As RSF, lideradas por Mohamed Hamdan Dagalo, surgiram das milícias janjaweed, de Darfur, e foram criadas como um contrapeso ao Exército de Abdel Fattah al-Burhan.

Após assumirem o poder juntos, os grupos entraram em conflito sobre um plano de transição que exigia concessões de ambos. As disputas envolviam a integração das RSF ao Exército.

Durante os combates, as RSF, com maior presença em Cartum, mantiveram parte da capital, enquanto o Exército, com melhores recursos, recuperava terreno, incluindo Darfur.

Redação / Folhapress

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