Exposição imersiva da USP terá acervo do Museu do Ipiranga e dinossauro gigante

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em celebração dos seus 90 anos, a USP (Universidade de São Paulo) inaugura, nesta sexta-feira (12), uma exposição itinerante que possibilita uma imersão em seus quatro museus e suas coleções culturais e científicas.

Com o uso de óculos de realidade virtual, o visitante poderá mergulhar em cada um dos prédios que compõem os chamados museus estatutários da universidade -o Museu do Ipiranga (parte do Museu Paulista), o MAC (Museu de Arte Contemporânea), o MZUSP (Museu de Zoologia da USP) e o MAE (Museu de Arqueologia e Etnologia).

A exposição começa no campus de Ribeirão Preto (a cerca de 320 km de São Paulo). Vai passar também por Pirassununga, Bauru, São Carlos, Piracicaba e Lorena, antes de chegar à capital.

“Essa era uma reivindicação muito antiga das diretorias do interior para levar os museus para os outros campi, porque eles são acervos muito ricos”, explica a socióloga e vice-reitora da USP, Maria Arminda do Nascimento Arruda.

Os quatro museus são unidades independentes da USP onde, além das atividades culturais como exposições, há cursos de graduação e pós-graduação, acervos pesquisa e atividades de extensão para o público. Por estarem localizados na capital, muitos dos estudantes, funcionários e professores dos outros seis campi da universidade localizados no interior não têm acesso a eles.

Segundo Arruda, a ideia da exposição veio da exibição imersiva da Capela Sistina, do pintor italiano Michelangelo, que ocorreu em São Paulo no ano passado. “Eu olhei aquilo e pensei, por que não fazemos a mesma coisa? E aí levei a ideia à Pró-Reitoria de Cultura e Extensão, na figura do professor Hussam Zaher [pró-reitor adjunto], que abraçou a ideia e coordenou a exposição.”

A reitoria da USP deu o apoio material e logístico e ajudou com a aquisição de 40 óculos de realidade virtual, cedidos pelo laboratório do professor Marcelo Zuffo, da Poli (Escola Politécnica), diretor do Centro de Inovação InovaUSP. “Meu grupo desenvolve realidade virtual desde 2000, com equipamentos mais acessíveis, por isso propus levar à população essa tecnologia”, explica.

No caso do Museu do Ipiranga, a diretora e arquiteta Rosaria Ono conta que as peças físicas do acervo foram levadas para o evento, como porcelanas do final do século 20, além de imagens em preto e branco do interior paulista no início do século passado.

Na experiência imersiva, os visitantes começam pela área de entrada e seguem por um tour no monumento histórico, fundado em 1895, localizado no bairro Ipiranga. “Vamos exibir 2 das 11 exposições do nosso acervo, a da História do Brasil, que percorre aquele eixo mais conhecido da história do Brasil Colônia até o quadro ‘Independência ou Morte’, e a outra é ‘Mundos do Trabalho’, que explora todas as atividades econômicas desde a época de colônia, passando por extração de madeira, plantio do café, açúcar, até a urbanização”, diz.

Ao visitar o MAC, a imersão começa pela entrada principal e segue pelos sexto e sétimo andares, onde ficam as mostras de longa duração do museu, onde podem ver obras importantes, como “A Negra”, de Tarsila do Amaral. Três versões da escultura “Formas Únicas de Continuidade no Espaço”, do artista futurista italiano Umberto Boccioni, também fazem parte –as originais em gesso e bronze, somente virtuais, e uma réplica em 3D–, conta a historiadora da arte e diretora do museu, Ana Magalhães.

“Há uma limitação no transporte do original em gesso e em bronze, mas com realidade virtual os visitantes vão poder ver a obra original, além da réplica em 3D.”

O Museu de Zoologia vai mostrar espécies atuais e fósseis de animais brasileiros, como o crocodilo fóssil Baurusuchus, que teve uma réplica em 3D produzida e que pode também ser tocada, o dinossauro gigante Tapuiasaurus macedoi e alguns insetos da Bacia do Araripe, a maior bacia fossilífera do país.

Além disso, exemplares das coleções científicas que foram reconstituídos digitalmente vão ajudar a ver estruturas internas de animais, como rãs, besouros e macacos. “Ao utilizar essa tecnologia, os visitantes não substituem a visita física, mas tem uma experiência mais enriquecedora, servindo como uma nova abordagem para o conhecimento de ensino, pesquisa e extensão da instituição”, afirma o entomólogo e diretor do museu, Marcelo Duarte.

Por fim, no MAE, os visitantes vão poder acompanhar os registros arqueológicos de povos originários e indígenas de São Paulo, como pinturas rupestres, pontas de lança, peças etnográficas, dentre outros.

Com os óculos de imersão, será possível entrar no Abrigo Itapeva, uma gruta arqueológica encontrada próximo ao município de mesmo nome, a cerca de 300 km da capital. A ideia é manter o foco nas populações que viviam no território há milhares de anos, explica o arqueólogo Eduardo Neves, diretor da instituição.

“Nós decidimos levar peças que conversem com os povos indígenas de São Paulo, mas não só, porque temos também materiais da Ilha do Marajó. Então vamos contar, através da exposição, um panorama brevíssimo da diversidade cultural indígena presente no passado e no presente aqui”, afirma.

Além dos quatro museus, a exibição inclui uma vídeo-instalação denominada “4M”, do artista Tadeu Jungle, o que, segundo Magalhães, ajuda a traduzir para o grande público o processo curatorial dos museus e a importância de seus acervos científicos e culturais.

Para o MAE, a exibição é um momento importante para mostrar parte do seu acervo, uma vez que o prédio que abriga as coleções, dentro do campus da Cidade Universitária, não possui uma área de visitação ao público renovada.

“Temos um problema há anos aqui na universidade que é o espaço físico do MAE, não temos um prédio decente, estamos há 35 anos aqui e ainda não conseguimos concluir a obra de construção do novo prédio na Praça dos Museus, e assim não temos condições de mostrar de valorizar esse acervo”, diz Neves.

A exposição “USP 90 anos: uma jornada imersiva pelos nossos museus” será inaugurada 16h desta sexta-feira, no espaço do polo Ribeirão Preto do Instituto de Estudos Avançados, e fica em cartaz até 15 de fevereiro de 2025.

O acesso é gratuito. Visitas de grupos e escolas podem ser agendadas no site expomuseus90anos.usp.br.

POR ONDE A EXPOSIÇÃO VAI PASSAR

Ribeirão Preto

De 13 de abril a 10 de maio de 2024, segunda-feira a sábado, das 9h às 18h

Local: Instituto de Estudos Avançados | Polo Ribeirão Preto

Rua Pedreira de Freitas, 20 – Campus da USP – Vila Monte Alegre

Pirassununga

De 25 de maio a 7 de junho, todos os dias, das 9h às 18h

Local: Antigo Ginásio de Esportes

Avenida Duque de Caxias Norte, 225 – Jardim Elite

Bauru

De 20 de junho a 13 de julho, de segunda-feira a sábado, das 9h às 18h

Local: Galeria Municipal Angelina Waldemarin Messenberg

Avenida Nações Unidas, Quadra 8 Número 9 Centro

São Carlos

De 5 de agosto a 6 de setembro, segunda-feira a sábado, das 9h às 18h

Local: Centro de Convenções – Área 2

Av. José Antônio Santilli, 1050 – Bela Vista São-Carlense

Piracicaba

De 2 a 31 de outubro, segunda-feira a sábado, das 9h às 18h

Local: Jumbão – Departamento de Ciência e Tecnologia dos Alimentos

Alameda dos Alecrins

Lorena

De 13 de novembro a 14 de dezembro, segunda-feira a sábado, das 9h às 18h

Local: Centro de Vivência- Campus USP de Lorena – Área I

Estrada Municipal do Campinho, 100, Bairro do Campinho

São Paulo

De 16 de janeiro a 15 de fevereiro de 2025, segunda-feira a sábado, das 9h às 18h

Local: INOVA USP – Centro de Inovação da USP

Avenida Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 370 – Butantã

ANA BOTTALLO / Folhapress

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