Extrema direita vence eleições gerais na Holanda, diz pesquisa boca de urna

MADRI, ESPANHA (FOLHAPRESS) – Pesquisa boca de urna na Holanda nesta quarta-feira (22) aponta que o Partido pela Liberdade (PVV), de extrema direita, é o vencedor das eleições gerais no país.

O PVV teria conquistado 35 dos assentos em disputa, contra 26 da Aliança Trabalhista Verde, 23 do Partido do Povo pela Liberdade e Democracia (VVD) e 20 do Novo Contrato Social. Outros treze partidos aparecem com 10 ou menos parlamentares eleitos.

Esse resultado abre o caminho para o líder do PVV, um populista anti-islâmico com topete à la Donald Trump chamado Geert Wilders, tente alcançar o cargo de primeiro-ministro, mas não há, por ora, acerto com possíveis aliados.

O país é parlamentarista e o líder de governo é o primeiro-ministro escolhido pelos deputados após as eleições gerais. As negociações de coligação podem levar meses.

Talvez como forma de se tornar mais palatável, Wilders vem tentando suavizar a sua imagem, abandonando nos últimos tempos a defesa de algumas das suas posições mais controversas. Recentemente, ele deixou de manifestar algumas de suas opiniões islamofóbicas.

Mas, em um debate televisivo na noite de terça-feira (21), ele disse sobre a imigração: “Já foi o suficiente. A Holanda não aguenta mais. Temos que pensar primeiro em nosso próprio povo agora. Fronteiras fechadas. Zero requerentes de asilo.”

A Holanda é governada desde 2010 pelo primeiro-ministro Mark Rutte, do VVD, partido que ficou em terceiro lugar nas eleições desta quarta. Mas ele anunciou que deixaria a política ao renunciar há alguns meses, após anunciar que o seu governo enfrentava diferenças “intransponíveis” em matéria de imigração.

Assim, a Holanda se prepara para ter um novo premiê depois de uma década. “Espero não acordar amanhã e termos Wilders como primeiro-ministro. Isso é um pesadelo”, disse Arie van der Neut, um arquiteto de Amsterdã, de centro-esquerda, à agência de notícias Reuters.

A Ministra da Justiça, Dilan Yesilgoz, de ascendência turca e sucessora de Rutte no comando do VVD, esperava se tornar a primeira mulher primeira-ministra do país. “Não creio que alguém acredite que Wilders seria um primeiro-ministro para todos. Ele quer fechar fronteiras, excluindo grupos que ele afirma não pertencerem à Holanda”, afirmou ela no debate.

O que está em jogo nas eleições é também se os holandeses estão dispostos a continuar a financiar políticas climáticas, como a dispendiosa implantação de parques eólicos no mar, num contexto de elevação do custo de vida devido às guerras.

Um dos chamarizes do PVV para essa eleição foi questionar as regras da União Europeia e sugerir o quanto os holandeses poderiam ser beneficiados se a agricultura e a imigração no país pudessem ser resolvidas internamente. Uma coligação de extrema direita poderia suavizar os planos para reduzir a utilização de gado e de fertilizantes, aos quais os agricultores se opõem fortemente.

Mark Rutte permanecerá no cargo até que um novo governo seja empossado, provavelmente no primeiro semestre de 2024.

IVAN FINOTTI / Folhapress

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