RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A Polícia Civil do Rio de Janeiro realiza nesta terça-feira (22) uma operação para estancar o avanço do Povo de Israel, uma nova facção que surgiu nos presídios fluminenses e se especializou em golpes via celular.
A polícia cumpre 44 mandados de busca e apreensão, bloqueio de contas correntes de 84 investigados e o afastamento de cinco policiais penais suspeitos de ajudarem com a entrada de aparelhos.
A operação é liderada pela DAS (Delegacia Antisequestro), com apoio da Subsecretaria de Inteligência e Corregedoria da Seap (Secretaria de Administração Penitenciária).
Segundo a Polícia Civil, a facção Povo de Israel surgiu em 2004, dentro dos presídios do estado, como um grupo de detentos neutros, que não eram associados ao Comando Vermelho, ao Terceiro Comando Puro e ao Amigos dos Amigos, as três principais facções do tráfico de drogas.
Com o tempo, o grupo ganhou o nome de Povo de Israel. A polícia não informou a origem, mas não há relação com o Complexo de Israel, dominado pelo traficante Álvaro Malaquias Santa Rosa, o Peixão. Segundo cálculos da Seap e da Polícia Civil, o Povo de Israel tem cerca de 18 mil presos faccionados, o que representa 42% do efetivo prisional, e está em 13 penitenciárias do estado, chamadas pelos membros de aldeia.
O Povo de Israel se especializou, segundo investigações, em extorsão por meio de golpes como o falso sequestro, em que detentos ligam para vítimas pedindo resgate. Os membros ainda atuam com tráfico de drogas. Segundo a polícia, o grupo movimentou cerca de R$ 70 milhões em dois anos.
A polícia aponta Avelino Gonçalves Lima, conhecido como Alvinho, como o fundador do Povo de Israel. Alvinho está preso desde 2009. A reportagem tentou contato com a defesa de Alvinho via telefonema, mas não obteve resposta.
YURI EIRAS / Folhapress