Faculdade expulsa jovem que matou amiga com tiro há 4 anos em Mato Grosso

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A jovem que matou em 2020 uma amiga com um tiro no rosto em Cuiabá foi expulsa na sexta-feira (16) do curso de medicina da Faculdade São Leopoldo Mandic. De acordo com a instituição, “a presença da aluna gerou um clima interno de grande instabilidade do ambiente acadêmico”.

Procurado, o advogado da estudante, Artur Bastos Freitas Osti, disse que a família não se pronunciaria sobre o caso. Ao jornal O Globo, que revelou a expulsão, a mãe da jovem disse que a filha “merece viver a vida sem esse linchamento moral”.

A jovem cumpriu durante dois anos e meio medidas socioeducativas por fato análogo a homicídio culposo pela morte da amiga Isabele Guimarães Ramos, 14, em julho de 2020.

Ela está solta desde junho de 2022 e teve o processo extinto em julho do ano passado. O ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) prevê que os atos infracionais cometidos quando menor de idade não são considerados para qualquer efeito depois de cumpridos.

A jovem foi aprovada no ano passado em diferentes universidades e optou pelo curso de medicina na Faculdade São Leopoldo Mandic.

Segundo a instituição de ensino, uma denúncia sobre a presença da jovem no curso foi apresentada ao comitê de compliance.

“Foi feita uma apuração e constatado que a presença da aluna gerou um clima interno de grande instabilidade do ambiente acadêmico”, dz a faculdade, em nota.

“Com base no Regimento Interno da Instituição e no Código de Ética do Estudante de Medicina, publicado pelo CFM (Conselho Federal de Medicina), a Faculdade São Leopoldo Mandic decidiu pelo desligamento da aluna, assegurando a ela a apresentação de recurso, em atendimento aos princípios do contraditório e ampla defesa”, acrescenta.

“A Faculdade tem como nortes a estabilidade de sua comunidade, a dignidade acadêmica e o respeito aos princípios éticos que regem o ensino superior, para o que se faz necessário afastar riscos à reputação e imagem da Instituição, construída ao longo dos últimos 30 anos”, conclui o comunicado da faculdade.

Isabele foi morta com um tiro no rosto em 12 de julho de 2020, quando estava na casa da amiga –que também tinha 14 anos na época do crime–, em um condomínio de alto padrão em Cuiabá.

O inquérito da Polícia Civil concluiu que o ato foi doloso, ou seja, com intenção de matar. O delegado Wagner Bassi, responsável pelas investigações, disse que a jovem no mínimo assumiu o risco de matar a vítima, uma vez que foi treinada no uso de armas. A adolescente praticava tiro esportivo havia quatro meses e fazia parte da Federação de Tiro de Mato Grosso.

Segundo a defesa, o disparo que matou Isabele foi acidental. O advogado da adolescente classificou o episódio como um “fatídico acidente”.

Ela chegou a ficar internada de janeiro de 2021 a junho de 2022, período no qual a Justiça considerou o caso como homicídio doloso. O entendimento foi alterado pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso, que avaliou se tratar de um homicídio culposo (quando não há a intenção de matar).

Com a decisão, ela passou para o regime de liberdade assistida, no qual são determinadas certas restrições de direitos e um acompanhamento sistemático do adolescente. Em julho do ano passado, o processo de execução da medida socioeducativa foi extinto após o cumprimento de todas as metas estabelecidas.

Redação / Folhapress

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