SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Após o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciar sua retirada da corrida eleitoral pela Casa Branca, neste domingo (21), o ex-presidente democrata Barack Obama reagiu com elogios à atitude de seu antigo companheiro de chapa.
“Joe Biden tem sido um dos presidentes mais influentes dos Estados Unidos, além de um querido amigo e parceiro para mim. Hoje, fomos lembrados novamente de que ele é um patriota da mais alta ordem”, escreveu Obama em uma carta publicada em suas redes sociais.
O clima amistoso, porém, não ecoa os bastidores da relação entre os dois, de acordo com a imprensa americana. Após a desastrosa participação de Biden no debate com o candidato à Presidência pelo Partido Republicano, Donald Trump, Obama teria colocado em xeque as chances do atual presidente, assim como outros líderes democratas.
Logo após o debate que ruiu a sua candidatura, no final de junho, Obama veio à público apoiar Biden. “Noites de debate ruins acontecem”, afirmou ele no X. “Mas esta eleição ainda é uma escolha entre alguém que lutou pelas pessoas comuns durante toda a sua vida e alguém que só se preocupa consigo mesmo.”
Mas, nas semanas posteriores, o ex-presidente se calou publicamente e, segundo o Washington Post, passou a demonstrar preocupação em conversas privadas em relação às chances de Biden contra Trump em novembro.
De acordo com o jornal americano, Obama falou com o presidente apenas uma vez entre o debate e o anúncio da desistência, mas recebeu muitas ligações de democratas, incluindo da ex-presidente da Câmara Nancy Pelosi, que teria assumido uma postura mais ativa contra a candidatura de Biden nos bastidores.
Nessas chamadas, Obama teria afirmado que o futuro da candidatura de Biden era uma decisão que cabia apenas ao próprio presidente, mas também teria demonstrado preocupação com o aparente aumento da vantagem eleitoral de Trump, segundo alguns institutos de pesquisa, e com o recuo de doadores do partido resistentes à candidatura de Biden.
Ainda segundo o jornal, assessores do presidente ficaram bravos com a atitude de Obama, visto como uma figura que poderia ter endossado a candidatura de Biden diante do partido.
De acordo com o New York Times, pessoas próximas a Biden afirmam que ele está na política há tempo suficiente para presumir que os vazamentos de conversas privadas aconteceram para aumentar a pressão sobre seu afastamento. Ele considera Pelosi a principal instigadora, segundo o jornal americano, mas também estaria irritado com Obama, visto como “um mestre de marionetes nos bastidores” por Biden.
Segundo o Washington Post, Biden também se ressentiu por Obama não ter impedido o ator George Clooney, amigo pessoal do ex-presidente, de publicar um artigo de opinião no New York Times em que pedia para o atual presidente desistir da corrida pela Casa Branca.
O pano de fundo dessa rusga é a eleição de 2016, quando Trump chegou ao poder após contrariar pesquisas de opinião e derrotar a então candidata democrata, Hillary Clinton.
Na ocasião, Biden sofreu pressão de democratas e de assessores de Obama para não concorrer à nomeação, de acordo com a imprensa americana. Ao ver que o Partido Democrata não havia conseguido derrotar Trump, o atual presidente ficou enfurecido com aqueles que o desestimularam a concorrer e imaginou que poderia ter vencido o republicano, segundo o Axios.
O site de notícias afirma que sofrer novamente esse tipo de pressão em uma nova corrida contra Trump teve um efeito reverso desta vez a memória do que ocorreu em 2016 fez Biden em insistir na corrida.
Na semana retrasada, por exemplo, o ex-deputado Charles Joseph Scarborough, que é próximo de Biden, disse no programa que apresenta na emissora MSNBC, que o presidente “está profundamente ressentido com o tratamento que recebeu não apenas da equipe de Obama, mas também pela maneira como foi deixado de lado por Hillary Clinton”.
De acordo com o Axios, assessores de Obama costumam argumentar que o ex-presidente o aconselhou, mas não tentou o afastar da corrida em 2016.
Redação / Folhapress