SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A família do piloto Cassiano Tete Teodoro e a empresa CBA Investimentos, operadora do helicóptero que desapareceu no último dia 31 de dezembro, mantêm buscas paralelas pela aeronave e pelos quatro desaparecidos, sendo três passageiros e o piloto.
O helicóptero desapareceu quando seguia do Campo de Marte, em São Paulo para Ilhabela, no litoral norte, após enfrentar mau tempo e ficar cercado por densa neblina.
A incursão terrestre nas áreas de busca, em cidades da serra do Mar, é realizada por cerca de 20 mateiros, segundo a advogada Thaís Gianlorenço, que representa a família do piloto e a empresa.
“Desde o primeiro dia do desaparecimento começaram as buscas por terra com mateiros contratados pela família e pela empresa. Nós estamos com 16 lá e hoje vão chegar mais cinco ou seis. Também estamos com drones. A família e a empresa que estão dispondo desses recursos para fazer buscas na mata”, disse Gianlorenço na manhã desta terça-feira (9).
Os profissionais estão divididos em três equipes, diz. Hoje, uma delas faz uma incursão em Pouso Alto, povoado em Natividade da Serra, na serra do Mar.
“Eles vão andando e quando o sinal pega ele dá a localização e aí com essa localização o pessoal que está na base vai fazendo a triangulação para não correr o risco de fazerem a busca na mesma localização”, explicou.
A advogada e a família das passageiras desaparecidas fizeram uma reunião na manhã desta terça no Campo de Marte para unir esforços.
“Eles querem contratar mateiros, então é bom que estejamos todos juntos para não fazer a mesma área. O objetivo é o mesmo, encontrar todos com vida”, disse.
Ainda segundo a advogada, a empresa operadora do helicóptero aproveitou a reunião para disponibilizar atendimento psicológico para os familiares das passageiras.
“A gente está vendo a família do Cassiano [piloto] o que está passando e a gente queria ter a oportunidade de ver eles [família das passageiras] também e dar esse suporte”, completou, sobre a reunião.
A advogada afirmou que mesmo com as buscas em solo, desde o dia 1º de janeiro, até agora nenhuma pista sobre o paradeiro da aeronave foi encontrada.
Na aeronave estavam o empresário Raphael Torres, 41, a vendedora Luciana Marley Rodzewics Santos, 46, a filha dela, Letícia Ayumi Rodzewics Sakumoto, 20, e o piloto Cassiano Tete Teodoro.
A varredura área em busca do helicóptero Robinson R44 e das quatro pessoas entraram no nono dia nesta terça, com aeronaves da FAB (Força Aérea Brasileira), Polícia Civil e Polícia Militar.
“Solicitaram apoio para nós porque temos o mesmo objetivo, que é encontrar os quatro com vida”, disse Silvia Santos, irmã e tia das passageiras, na manhã desta terça, no Campo de Marte.
Neusa Rodzewics Santos, mãe e avó das passageiras, disse que chegou ao limite.
“Eu estou no meu limite. Preciso de uma resposta concreta, urgente, o mais rápido possível”, disse após a reunião desta terça.
O helicóptero com as quatro pessoas desapareceu na tarde de domingo (31) após adentrar em trecho de forte neblina no trajeto entre São Paulo e Ilhabela. Vídeo e mensagens enviadas por piloto e passageira reportaram ausência de visibilidade para sobrevoar a Serra do Mar e um pouso de emergência em área de mata.
Durante a viagem, o empresário chegou a avisar o filho por uma mensagem de áudio sobre as condições climáticas adversas na cidade litorânea e indicou que a aeronave faria uma mudança de rota para Ubatuba.
“Filho, eu vi que você leu a minha mensagem agora, acho que vou para Ubatuba. Ilhabela está ruim. Não consigo chegar”, disse.
Em mensagem para o namorado, Letícia também falou do mau tempo. “Pousamos” e “No meio do mato”, escreveu a jovem. O namorado então teria perguntado o local do pouso, e Letícia respondeu não saber.
Por volta das 14h do domingo, a jovem enviou um vídeo que mostrava forte neblina ao redor da aeronave. “Tá perigoso. Muita neblina. Eu estou voltando.”
Os tripulantes pararam de fazer contato após o pouso de emergência, que investigadores acreditam ter sido feito em um ponto às margens de uma represa em Paraibuna, no Vale do Paraíba.
O celular de Luciana parou de emitir sinais às 22h14 do dia 1º de janeiro, dia seguinte ao desaparecimento.
“Se o telefone da Luciana ficou funcionando até o dia 1º, às 22h14, que estávamos monitorando, ele ficou fora da água. Na água ele não iria transmitir [sinal]”, afirmou à TV o delegado Paulo Sérgio Pilz no sábado (6).
FRANCISCO LIMA NETO / Folhapress