Familiares lamentam morte de jovens de equipe de remo em acidente: ‘Sonhava com as Olimpíadas’

PELOTAS, RS (FOLHAPRESS) – Familiares das vítimas do acidente envolvendo uma carreta e uma van que transportava uma equipe de remo de Pelotas (RS) estão consternados com a tragédia, que deixou nove mortos. A maioria tinha entre 15 e 20 anos e participava do projeto social Remar Para o Futuro, que recrutava jovens de escolas públicas para praticar o esporte.

O acidente ocorreu na noite deste domingo (20) na BR-376, em Guaratuba (PR). A equipe voltava do Campeonato Brasileiro Unificado, realizado em São Paulo, onde conquistaram sete medalhas e a 6ª colocação geral.

Às lágrimas, o pai de Nicole da Cruz, 15, falou sobre a filha. “Era uma menina especial, uma filha maravilhosa. A vida dela era o remo. Ela só pensava em crescer, sonhava em ir para as Olimpíadas e ser campeã. Essa era a Nicole”, diz Vagner da Cruz, 53. Ela deixa o pai e irmãs.

“Ela tinha conquistado duas medalhas lá, sempre se destacou na categoria dela. A irmã mais nova, de 13 anos, está seguindo o mesmo caminho. Fez um teste há alguns meses e estava adorando”, conta o pai.

O único sobrevivente é um adolescente de 17 anos. Além de Nicole, morreram Samuel Benites Lopes, 15 anos; Henri Fontoura Guimarães, 15; João Pedro Kerchiner, 17; Helen Belony, 20; Angel Souto Vidal, 16; Vitor Fernandes Camargo, 17; Oguener Tissot (técnico da equipe), 43; e Ricardo Leal da Cunha (motorista da van), 52.

Ricardo da Cunha, que era motorista há mais de 20 anos, deixa esposa e um filho de 8 anos. “Era um pai e um marido excelente, se dava bem com todo mundo. Um profissional ótimo, cuidadoso, nunca havia sofrido um acidente e agora aconteceu essa tragédia. É uma dor imensa” diz a esposa, Viviane Silveira, 48.

O técnico Oguener Tissot é descrito como um apaixonado pelo esporte pela ex-companheira, Veronica Diedrich, 40, que fez parte do Remar Para o Futuro por muitos anos. “Ele começou tudo do zero. Ele remava desde criança, era apaixonado demais e todos que chegavam perto dele acabavam se apaixonando pelo remo também”, conta.

Um adolescente de 14 anos que está no projeto há um ano conta que não foi à competição porque priorizaram os atletas com mais tempo no esporte. Ele lamentou a perda dos colegas de time e amigos que, segundo ele, formavam uma família e serão para sempre inspiração para os demais.

Autoridades e delegações esportivas também lamentaram o acidente.

A Prefeitura de Pelotas, que é parceria do projeto ao qual os jovens pertenciam, decretou luto de sete dias. “Era uma grande família, tinha muito afeto e dedicação e de repente a gente vê isso ceifado. Estamos desolados. O legado desse projeto transformador tem que ficar aqui, mas é muito duro”, disse a prefeita Paula Mascarenhas (PSDB).

O COB (Comitê Olímpico do Brasil), a Confederação Brasileira de Remo e outras organizações esportivas lamentaram o acidente nas redes sociais. Em Pelotas, as aulas no Colégio Municipal Pelotense, onde a maioria das vítimas estudava, foram canceladas até quarta-feira (23).

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), e o presidente Lula (PT) também lamentaram a tragédia. “Faltam-me palavras para descrever o impacto dessa notícia. Que as famílias e os amigos das vítimas encontrem o conforto necessário neste momento tão difícil”, diz publicação do governador nas redes sociais.

A expectativa é que um velório coletivo ocorra nesta terça-feira (22) em Pelotas.

HELENA SCHUSTER / Folhapress

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