Faroeste ‘Oeste Outra Vez’ vence festival de Gramado

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – “Oeste Outra Vez”, do goiano Erico Rassi, ganhou o Kikito de melhor longa-metragem no Festival de Cinema de Gramado, que encerrou na noite deste sábado (17). O faroeste rodado na Chapada dos Veadeiros estava entre os mais bem cotados entre os críticos no evento.

Segundo longa de Rossi, a obra trata de um universo masculino rural marcado pela ausência de mulheres, que guia a vida vazia dos personagens.

O elenco tem Ângelo Antônio como protagonista e o compositor cearense Rodger Rogério como coadjuvante –ele recebeu prêmio por sua atuação neste sábado. A obra ainda levou o Kikito de melhor fotografia, por André Carvalheira, ficando com três prêmios.

“Estômago 2: O Poderoso Chef”, do diretor Marcos Jorge, foi o longa mais agraciado, em cinco categorias: júri popular, roteiro –Bernardo Rennó, Lusa Silvestre e Marcos Jorge; direção de arte –Fabíola Bonofiglio e Massimo Santomarco; trilha musical –Giovanni Venosta; e melhor ator, prêmio dividido entre João Miguel e Nicola Siri. A sequência da primeira obra, de 16 anos atrás, é uma coprodução com a Itália.

Eliane Caffé foi a melhor diretora entre os longas, por “Filhos do Mangue”.

O prêmio de melhor atriz ficou com Fernanda Vianna, por “Cidade; Campo”, da diretora Juliana Rojas. O filme de Rojas também foi o melhor para júri da crítica.

Rojas apresentou uma obra onírica e fantasmagórica que trata de luto e busca por ancestralidade, estrelado por Bruna Linzmeyer e Mirella França.

A montagem ficou para Karen Akerman, por “Barba Ensopada de Sangue”, do diretor Aly Muritiba. Já o pêmio de melhor atriz coadjuvante foi para Genilda Maria, de “Filhos do Mangue”. “Pasárgada”, filme de Dira Paes, teve o melhor desenho de som, de Beto Ferraz.

“O Clube das Mulheres de Negócios”, de Anna Muylaert, que inverte os papéis de gênero em uma comédia, venceu o prêmio especial do júri.

Melhor filme, “Oeste Outra Vez” foi filmado no sertão de Goiás, desde 2019, e conta a história de Toto -Ângelo Antônio-, um homem abandonado pela mulher que foge na bela paisagem da Chapada dos Veadeiros na companhia de Jerominho -Rodger Rogério. Os dois selam uma amizade baseada no silêncio, interrompido por diálogos evasivos que se tornam cômicos.

A história de Toto se liga a de outros homens amargurados incapazes de dialogar sobre emoções, ponto muito explorado no filme. Os impasses são sempre resolvidos com tiro e cachaça.

Além de Toto e do parceiro Jerominho, sofrem do abandono Antonio –Daniel Porpino–, acompanhado do parceiro Domingos –Adanildo Reis–, Durval –Babu Santana– e Ermitão –Antonio Pitanga.

A direção de arte e a fotografia exibem todos os tons do cerrado, a queimada, a terra e a sensação de vazio vivida pelas personagens.

Uma das referências do diretor foi o livro “Sagarana”, de Guimarães Rosa. “Há uma tentativa de trazer esse universo de Guimarães Rosa de um jeito mais contemporâneo e seco”, disse o diretor em debate durante a semana, após a exibição de seu filme.

A ausência de mulheres no elenco, com exceção da aparição de Luanni no início, intrigou a crítica durante o debate que ocorreu após a transmissão do filme. Houve discordância sobre tratar-se de um filme feminista ou não.

O ator Babu Santana afirmou que, atrás das câmeras, 70% da equipe é feminina. “Eu já fiz bastante produção e nunca tinha visto uma equipe tão feminina, e como as coisas davam certo.”

A curadoria dos longas deste ano foi do ator Caio Blat e do crítico gaúcho Marcos Santuário.

A 52ª edição foi marcada por mais realizações femininas do que masculinas, com quatro diretoras na mostra. Receberam homenagens os atores Matheus Nachtergaele e Vera Fischer, o diretor Jorge Furtado e diretora-executiva da Berlinare, Mariëtte Rissenbeek.

Veja todos os premiados:

Longas-metragens

Melhor filme: “Oeste Outra Vez”, de Erico Rassi

Melhor direção: Eliane Caffé, por “Filhos do Mangue”

Melhor ator: João Miguel e Nicola Siri, por “Estômago 2: O Poderoso Chef”

Melhor atriz: Fernanda Viana, por “Cidade; Campo”

Melhor roteiro: Bernardo Rennó, Lusa Silvestre e Marcos Jorge, por “Estômago 2: O Poderoso Chef”

Melhor fotografia: André Carvalheira, por “Oeste Outra Vez”

Melhor montagem: Karen Akerman, por “Barba Ensopada de Sangue”

Melhor ator coadjuvante: Rodger Rogério, por “Oeste Outra Vez”

Melhor atriz coadjuvante: Genilda Maria, por “Filhos do Mangue”

Melhor direção de arte: Fabíola Bonofiglio e Massimo Santomarco, por “Estômago 2: O Poderoso Chef”

Melhor trilha musical: Giovanni Venosta, por “Estômago 2: O Poderoso Chef”

Melhor desenho de som: Beto Ferraz, por “Pasárgada”

Prêmio especial do júri: “O Clube das Mulheres de Negócios”, de Anna Muylaert

Júri popular: “Estômago 2: O Poderoso Chef”, de Marcos Jorge

Curtas-metragens

Melhor filme: “Pastrana”, de Melissa Brogni e Gabriel Motta

Melhor direção: Lucas Abrahão, por “Maputo”

Melhor roteiro: Adriel Nizer, por “A Casa Amarela”

Melhor ator: Wilson Rabelo, por “Ponto e Vírgula”

Melhor atriz: Edvana Carvalho, por “Fenda”

Melhor trilha musical: Liniker, por “Ponto e Vírgula”

Melhor fotografia: Livia Pasqual, por “Pastrana”

Melhor montagem: Bruno Carboni, por “Pastrana”

Melhor direção de arte: Coh Amaral , por “Maputo”

Melhor desenho de som: Felippe Mussel, por “A Menina e o Pote”

Prêmio especial do júri: “Ponto e Vírgula”, de Thiago Kistenmacher

Júri popular: “Ana Cecília”, de Julia Regis

Prêmio Canal Brasil de Curtas

“Maputo”, de Lucas Abrahão

Júri da crítica

Melhor curta-metragem brasileiro: “Fenda”, de Lis Paim

Melhor longa-metragem brasileiro: “Cidade; Campo”, de Juliana Rojas

Longas documentais

Melhor filme: “Clarice Niskier: Teatro dos pés à Cabeça”, de Renata Paschoal

Mostra de filmes universitários

Prêmio Edina Fujii – Cia Rio

“A Falta que Me Traz”, de Laura Zimmer Helfer e Luís Alexandre, da Universidade de Santa Cruz do Sul

PAULA SOPRANA / Folhapress

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